As teses que defendo no meu Poesia brasileira contemporânea – crítica e política tendem a desassossegar aqueles que se identificam com uma tradição crítica há muito estabelecida, mas evidentemente incapaz de lidar com grande parte das produções contemporâneas. Provocativo, o livro é um convite ao pensamento. Os ensaios que o compõem cartografam linhagens críticas e predominantes no Brasil que ao meu ver confinam a rica produção da poesia brasileira de hoje a um campo estreito. Mais que isso, o livro abre um leque de possibilidades de leituras de obras literárias (poemas) para além do olhar (frequentemente autorreferente e portanto arrogante) dessas linhagens, e inclusive para além do fetiche do suporte livro, em diálogo com as artes plásticas, visuais e performáticas. É uma contribuição genuína e propositiva — portanto política —, que tem gerado um rico debate, uma polêmica produtiva em círculos mais arejados do que o das academias literárias. Por isso, não posso deixar de me manifestar diante da reação sintomática e bastante mesquinha de Marcos Pasche [Rascunho #186, outubro], que, ao resenhar o livro neste jornal, fugiu da polêmica e do diálogo, preferindo desqualificar o trabalho, como se ali nada houvesse de substancioso, e listar uma série de erros de revisão (e daí?) e outros pontos irrelevantes… Lambe-cu de críticos menores (mas ao menos cientes de sua mediocridade e portanto polidos) de uma velha escola, Pasche, entre arrogante e burro, ou talvez mesmo por má-fé, faz um desserviço aos esforços de se produzir um pensamento mais forte e potente sobre a literatura e seu devir. Esse candidato a crítico literário, ainda jovem, e com muito a aprender (e esperamos que cresça), faz o feio papel de um reacionário, no pior sentido da palavra: aquele que se aproxima dos mais poderosos e usa da força para minar toda e qualquer alteridade ou dissidência.