Por uma dessas casualidades com que a vida nos golpeia, às vezes mal tenhamos acabado de morrer, Wilson Martins faleceu em 30 de janeiro deste ano, quando os jornais, as rádios, a tevê, a web e grande parte dos intelectuais que detêm postos-chave na mídia ainda derramavam lágrimas de sangue pela morte de J. D. Salinger. De certa forma, foi uma casualidade positiva: graças ao intervalo de três dias (o escritor norte-americano faleceu a 27 de janeiro), o crítico literário, historiador e professor emérito da Universidade de Nova York ganhou, aqui e ali, dez ou quinze linhas de atenção. Mas a sorte durou pouco. Logo no dia 31, para consternação geral, outro ícone falecia — e quando alguns poucos leitores esperavam por artigos mais aprofundados sobre a obra do nosso intelectual, o noticiário foi tomado por perfis, críticas, rememorações, encômios, listas de obras publicadas e fotos do argentino Tomás Eloy Martínez. Entretanto, devemos ser otimistas e, assumindo o comportamento apropriado ao populismo que impera no país, fazer o jogo do contente: se Wilson Martins tivesse falecido um dia depois de Salinger ou na mesma data que Martínez, sequer receberia o favor de um breve necrológio.
Não discuto o valor da obra dos estrangeiros falecidos — e muito menos a dor de suas viúvas brasileiras —, mas se o leitor me pergunta sobre o porquê desse tratamento diferenciado, quiçá injusto, minha resposta talvez não agrade, mas é a única que tenho: ainda somos um país primitivo, uma colônia que se encanta facilmente com o ouropel das cortes estrangeiras. No que se refere à teoria literária, por exemplo, o estruturalismo é questionado na Europa desde a década de 1980 — e alguns de seus seguidores já lhe deram as costas, como Todorov —, mas aqui ele ainda é objeto de culto nas universidades, onde há quem leia Derrida e outros de joelhos, acreditando que certa terminologia folclórica pode dar conta de analisar não só a literatura, mas toda a realidade. Não importa se os estruturalistas e seus continuadores criaram apenas — no irônico dizer de Thomas Pavel — um “verniz onírico” ou, lembrando o ácido comentário de José Guilherme Merquior, uma “teorréia, ou seja, teorização inconseqüente sem qualquer referente estável”. Importa, sim, o prazer doentio de se submeter ao que vem de fora, aceitando, sem críticas, qualquer teoria fantasiosa.
Em segundo lugar, há outro motivo para o descaso em relação a Wilson Martins: ele — pasmem! — não era de esquerda, não rezava pelo catecismo marxista, não acreditava na irrefreável, fatal e invencível revolução que, no galope leninista ou no trote gramsciano, um dia levará o proletariado ao poder e à completa destruição do capitalismo. E não ser de esquerda neste país, ainda mais nos dias que correm, é pactuar com monstruosidades. Hoje, são os liberais que comem criancinhas. Não interessa se Wilson Martins era um irredutível democrata, avesso a qualquer tipo de coerção por parte do Estado — um liberal clássico. O que vale, para parcela da intelectualidade, é a carteirinha com a estrela vermelha, ou com a foice e o martelo. Não segue o rebanho? Tem idéias próprias? Fora!
Wilson Martins cometeu ainda um terceiro pecado: apesar de não ser de esquerda e não se vergar diante de modismos estrangeiros, venceu. Além da brilhante e respeitável carreira em uma das melhores universidades do mundo, elaborou, com altivez e independência, uma obra que será lida, relida e analisada, nos próximos séculos, por todos os que pretenderem, de forma isenta, honesta e rigorosa, estudar ou conhecer não só a literatura brasileira, mas parte fundamental da nossa cultura. E uma carreira vitoriosa — sem pensar ou agir como a maioria — é algo execrável. Como alguém pode ganhar respeitabilidade sem seguir a manada? A esses, aos que ousam construir seu próprio caminho, as igrejinhas nacionais premiam com sua arma mais vil: a blindagem de mudo desprezo. É a tentativa de garrotear aquele que cometeu o pior dos crimes: não ser apenas mais um em meio à turba.
“Santa rabugice”
Nosso crítico literário, no entanto, era um homem singular. Não satisfeito com esses pecados, verdadeiramente assombrosos, ainda cometeu mais um, talvez o pior de todos, o mais terrível: foi daqueles críticos, hoje raros, que não trocam favores, que não dão tapinhas nas costas, que não adoçam as palavras para conseguir novas amizades ou manter a qualquer custo as antigas. Enfim, Wilson Martins tinha uma “santa rabugice”, na feliz expressão do poeta, tradutor e ensaísta Ivan Junqueira. Rabugice à qual ele acrescentou, ainda segundo Junqueira, “privilegiada formação literária e humanística”, “sutileza e inteligência”, “elegância de linguagem”, “fundo conhecimento teórico” e “certo humor, o que lhe confere (…) um encanto ainda maior”.
As conseqüências de todos esses pecados só poderiam ser danosas. No país do compadrio, da mancomunação, do puxa-saquismo, o comportamento sobranceiro e reservado de Wilson Martins, avesso às panelinhas, não apenas o isolou, mas, somado à sua severidade no julgar e à sua ironia, granjeou-lhe inimigos em toda parte. Eu diria, aliás, que a fila dos ressentidos é quilométrica e disputa, palmo a palmo, cada fatia de calçada com as viúvas de Salinger. E tudo por um simples motivo: nosso crítico não era paternal, não silenciava diante de erros e omissões, não se fazia de cego ou surdo quando discordava dos supostos mandarins da literatura brasileira. Mas o que os criticados entendiam como ataque pessoal era apenas a concretização de um imperativo caro a Martins: “O clima da crítica é a polêmica”, ele dizia, “mas não a polêmica de ataques e destruição dos adversários, mas o debate de idéias, a discussão e o confronto das idéias. Este sentido positivo da polêmica faz parte da crítica. O crítico nunca se coloca passivamente diante de um livro. Já no ponto de partida ele está encarando aquele livro polemicamente. Não contra o livro, mas ele está penetrando naquele mundo com esta idéia de verificar até que ponto aquela obra responde ao que ela queria ser”.
Que culpa Wilson Martins poderia ter se alguns dos livros que criticou foram escritos por pessoas infantis, que só aceitam o gesto paternal de quem lhes acaricia o cocuruto e diz, com suavidade, “Olha, você, no fundo, é genial, mas podia dar uma melhoradinha aqui nestes trechos…”? Que culpa ele poderia ter se alguns intelectuais são imaturos, despreparados para conviver com a discordância, com o pluralismo de idéias e, principalmente, para saborear o uso da ironia, finíssimo em seus textos, mas que alguns preferiam entender como sarcasmo?
Diante de tal personalidade, que se empenhou, durante décadas, na ingrata tarefa de “higiene crítica”, para usar a expressão de José Guilherme Merquior, e na elaboração de uma obra cujo valor raríssimas vezes foi alcançado neste país, que somava à erudição uma metodologia avessa ao pedantismo e à “arrogância epistêmica” que grassam entre nós, e que, contrariando todos os seus detratores, agia como um gentleman, destilando cavalheirismo, amizade e atenção, o que restou a alguns cardeais da nossa cultura, senão o rancor? O rancor… Ora, o rancor é apenas, segundo a sábia lição de Ortega y Gasset, em seu Meditaciones del Quijote,
uma emanação da consciência de inferioridade. É a supressão imaginária de quem não podemos, com nossas próprias forças, suprimir realmente. Aquele por quem sentimos rancor leva, em nossa fantasia, o aspecto lívido de um cadáver; com o desejo, nós o matamos, o aniquilamos. E depois, ao encontrá-lo firme e tranqüilo na realidade, parece-nos um morto indócil, mais forte que nossos poderes, cuja existência significa a zombaria personificada, o desdém vivo frente à nossa débil condição.
Asceta e humanista
E já que citamos o filósofo espanhol, lembremos que Wilson Martins cumpriu o ideal orteguiano de crítico, compreendendo aqueles a quem criticava, agindo com a tolerância que é “própria de toda alma robusta”, introduzindo “em seu trabalho todas aquelas ferramentas sentimentais e ideológicas por meio das quais o leitor médio pode receber a impressão mais intensa e clara da obra que seja possível”, pois “a obra se completa completando sua leitura”.
Na contramão do que ocorre hoje no Brasil, a concepção crítica de Wilson Martins estava vinculada a um profundo respeito pelos que o antecederam, diante dos quais ele se colocava com humildade, afirmando que
a crítica que fazemos hoje, como a ciência que hoje realizamos, não são necessariamente melhores que as do nossos antepassados: e se de fato temos motivos para julgá-las melhores, a explicação deve ser outra que a idéia, supremamente discutível, de que nos encontramos num pináculo. (…) Não é com ilusões desse porte que se pode estabelecer nem uma sólida ciência nem uma crítica sólida.
Assim, buscando conciliar experiências passadas, atualidade e rigor, nosso crítico refutou a “estranha pretensão” — tão difundida atualmente, e não só na academia — de que Ortega y Gasset nos fala em A rebelião das massas: “a de ser mais que qualquer outro tempo passado; mais ainda: por se desligar de todo o passado, não reconhecer épocas clássicas e normativas, e ver-se a si mesmo como uma vida nova superior a todas as antigas e irredutível a elas”.
Encarando a vida da literatura não como “uma sucessão, mas uma coexistência”, ele percebeu na história literária um “todo orgânico, no qual os escritores não se sucedem como os soldados de um desfile, mas se intercruzam como os filamentos de um tecido”. E estabeleceu sua crítica segundo a regra que considerava ideal, basicamente, de que ela jamais poderia se “confinar nos princípios e métodos de uma determinada família espiritual, mas exigiria, ao contrário, a contribuição simultânea de todas elas”. Rejeitou, assim, o “monismo de julgamento” e defendeu, visceralmente, que “não há, em crítica literária, pontos de vista ‘errados’: há, mais simplesmente, pontos de vista diferentes”, salientando, de acordo com o seu espírito liberal e democrático, que “‘tomar todas as afirmações sem excluir nenhuma’, como queria Renan, não significa aceitá-las: significa aceitá-las para discussão”.
Desapegado em relação aos seus próprios méritos acadêmicos, indiscutíveis, Wilson Martins defendeu a crítica não-acadêmica, pois, segundo ele, esta “tem o espírito muito mais aberto para a aventura intelectual, para a novidade, para a discussão de idéias”. Defendia, aliás, um ponto de vista iconoclástico em relação ao “furor teórico” de que somos vítimas: para ele, certos críticos desejam, no fundo, ajustar os livros analisados à teoria, o que é impossível; e não deixou de salientar a subversão por que passa o próprio processo criativo, apontando o comportamento pernicioso de alguns escritores: “ficcionistas e poetas passaram a escrever para os críticos, para agradá-los e confirmar-lhes as respectivas teorias”.
Wilson Martins, com certeza, alcançou o ideal não apenas de crítico orteguiano, mas também de homem: aquele que, verdadeiramente nobre, não se contenta em ser apenas “reativo”, mas busca impregnar seu tempo com uma marca indelével — e para tanto vive em tensão permanente, num treinamento constante, ou, como nos lembra Ortega y Gasset, em perfeita ascese.
Humanista, homem da Renascença deslocado entre dois séculos perturbadores, nos quais os filisteus impuseram a mediocridade como regra de vida, Wilson Martins cumpriu o que se propôs: “não há espírito crítico que não comece por criticar a si mesmo, que não duvide logicamente das suas certezas e das suas verdades, que não esteja disposto, se não a dar razão ao adversário (…), pelo menos ‘repensar-se’ continuamente e recusar-se ao conforto intelectual”. Graças a esse contínuo exercício, a essa austeridade e disciplina realmente ascéticas, ele exerceu a crítica com alto discernimento, formou gerações de leitores, recuperou a história da inteligência em nosso país e nos livrou dos piores males: a mesmice e a unanimidade. A esse insigne mestre, nestes dias de luto, minha profunda reverência.
Chama acesa
Eu quase nunca concordava com o crítico Wilson Martins. Ao longo de muitos anos, talvez se contem nos dedos de uma mão as ocasiões em que terminei de ler uma resenha sua sem ter com ela alguma divergência grave, um ou mais pontos em que nossos credos estéticos pareciam água e óleo. O que demorei mais a descobrir foi que, por baixo de toda aquela discussão, havia uma concordância maior, um pacto sem a qual ela, a discussão, cairia no vazio. Martins ousava falar da literatura de dentro, seu pensamento era inteiramente feito de literatura. Ele não partia do livro para chegar a outro lugar, nem vinha de outro lugar para abordar o livro. Morava ali, e quando saía era para inspecionar a relação do livro com… outros livros. Avesso a sistemas, a “verdades” importadas de campos fora das letras, arriscava o pescoço a cada resenha. É o que torna sua História da inteligência brasileira tão caótica e tão interessante: o pulso de vida real. A literatura para Martins nunca era sintoma, era o que importava, como deve mesmo ser, se você tem a pretensão de se declarar crítico literário. Quando o relativismo cultural começou a tentar nos convencer — e como a universidade embarcou! — de que a qualidade literária é pura ideologia, pura balela, sobrou pouca gente para manter a chama acesa. Wilson Martins foi um desses. Foi quando seu famoso conservadorismo adquiriu uma certa aura de vanguarda. E eu descobri que pouco importava se, contando nos dedos, eu quase nunca concordava com ele.
Sérgio Rodrigues • Rio de Janeiro – RJ
Sérgio Rodrigues é escritor, jornalista e editor do blog Todoprosa (www.todoprosa.com.br). É autor dos livros As sementes de Flowerville e Elza, a garota, entre outros.
Fim de raça
Crítico rigoroso, sincero, honesto. Não cultivava o compadrio. Era fiel apenas a si mesmo e à literatura. Um dos intelectuais mais completos que este país já conheceu. Não teve receio de escrever uma obra tão vasta e ambiciosa como sua História da inteligência brasileira. Nunca nos encontramos pessoalmente, mas através de bilhetes e de mensageiros que eram nossos amigos comuns. Nesses diálogos descontínuos, percebia-se o homem afável e generoso, que não hesitava em apontar defeitos em meus livros, mas que também sabia elogiar aquilo de que gostava. Pela imprensa, deu-me alguns epítetos elogiosos, escandalosamente exagerados, fato incompreensível para alguns dos meus colegas escritores — e também para mim, diga-se.
Wilson Martins cumpriu seu papel com elegância e conhecimento. Sem ele, a cultura de nosso país seria mais pobre. É possível que tenha sido uma espécie de fim de raça, isto é, da raça dos críticos que, mesmo conhecendo a teoria, sabem escrever da maneira que os leitores entendem.
Uma perda, reparável, por certo, mas não com a mesma qualidade e sabedoria.
Luiz Antonio de Assis Brasil • Porto Alegre – RS
Luiz Antonio Assis Brasil é romancista, ensaísta e cronista. É autor de livros como Videiras de cristal, Música perdida e O pintor de retratos, entre vários outros.
Herdeiros de seu exemplo
Todo grande pensador começa por dizer não ao convencional. Assim se deu com Wilson Martins, um dos nossos poucos autores de obra anticonvencional e revolucionária. Em entrevista a Miguel Sanches Neto, admitiu-se sem “talento suficiente para escrever um livro chamado Os brasileiros, assim como Luigi Barzini escreveu Os italianos”. Ao contrário do que imaginava, acabou por escrever esse livro em História da inteligência brasileira, ensaio-síntese que nos situa e define. Pouco dado a efusões, contundente em seus pontos de vista, Wilson Martins abordou seus temas frontalmente e sem preconceitos, apesar da imagem de aparente antipatia que lhe atribuíam opositores circunstanciais. Consultar seus livros tornou-se logo hábito nacional, embora nem sempre admitido e confessado. Em termos de intuição crítica, erudição e qualidade estilística, acompanham-no de perto muito poucos: Antonio Candido, Sergio Milliet, Fausto Cunha, Alfredo Bosi. Em tempo de serviço, no entanto, foi muito além, superando até mesmo alguns abnegados de obra extensa e importante como Temístocles Linhares, Massaud Moisés ou Otto Maria Carpeaux. Não há dúvida de que sua obra de crítico literário, crítico da cultura e historiador vai repercutir nas próximas décadas e provavelmente nos próximos séculos, enquanto existir esta estranha atividade que nos move — de ler e escrever, de sondar o mundo em que vivemos. Pode-se também dizer que a crítica de jornal terminou com Wilson Martins, isto é, a crítica sistemática e hebdomadária como ele a concebeu, paradigma de sua geração e cuja origem nos remete ao modelo francês, ou seja, ao século 19. Somos todos herdeiros de seu exemplo — este exemplo maior de amor ao Brasil e ao saber.
André Seffrin • Rio de Janeiro – RJ
André Seffrin é crítico de literatura e artes plásticas, com passagem por diversos veículos da imprensa nacional. Organizou diversos livros, de autores como Rubem Braga, Lúcio Cardoso e Samuel Rawett, entre outros.
“I walk alone”
Wilson Martins é consultado na preparação das aulas, mas pouco discutido dentro delas, além de estar quase ausente das bancas universitárias. Acho que isso deve, em parte, à ruptura do pacto de cordialidade. Martins tinha mão pesada e gosto pela sova que dava em vários colegas de ofício, alguns com representação institucional importante. “I walk alone” — ele parecia dizer, com orgulho, a cada vez que desancava um deles.
Mas essa é apenas a hipótese mais imediata para o silêncio que pesa sobre o seu imenso trabalho. Penso que ele se explica mais profundamente não apenas pela exacerbação crítica, como pela sua erudição, tão distante do ramo atual em que se fazem as especializações: se entra com um autor no IC, se segue com o mesmo projeto no mestrado e será o mesmo, ampliado, o bojo do doutorado e do pós-doc. O que é, a rigor, um contra-senso: em humanidades, ou em literatura, quem sabe um não sabe nenhum. Erudição não se dispensa sem custo para a inteligência letrada. Wilson Martins não deixava que se esquecessem disso. Além disso, insistia em se manter na crítica de jornal, onde lia, ajuizava e palpitava muito, em vez de se concentrar no consensual, dentro de um nicho conquistado.
Enfim, dado que o jornalismo literário e autodidata praticamente desapareceu das redações, e que a própria literatura saiu de moda faz tempo nos departamentos universitários compreende-se que o achassem antiquado, de um e de outro lado da barricada. Ele sabia perfeitamente disso tudo, e mais ou menos se acomodou à imagem nostálgica de “último crítico”. Nunca o conheci pessoalmente, mas imagino que morreu tranqüilo consigo mesmo.
Alcir Pécora • Campinas – SP
Alcir Pécora é crítico literário, professor de literatura na Unicamp e colaborador da Folha de S. Paulo. Também é autor de diversos livros, como Teatro do sacramento, Máquina de gêneros, As excelências do governador e Rudimentos da vida coletiva, entre outros.