Memória: Período Homérico

Não demora muito e já aparece alguém achando uma relação com o passado. Na literatura, esta criadora de sonhos e ilusões, repetir o que já foi dito é uma maneira de exaltar o ânimo daquele que peregrina.
01/12/2000

Não demora muito e já aparece alguém achando uma relação com o passado. Na literatura, esta criadora de sonhos e ilusões, repetir o que já foi dito é uma maneira de exaltar o ânimo daquele que peregrina.

Falo de toda relação da literatura clássica com a contemporânea, o passado e o presente, a sabedoria do mais velho  frente à esperança do mais novo. E já há muito tempo antes desta discussão toda havia algo quase que sobrenatural profetizando os acontecimentos. As tais Escrituras Sagradas de autoria segundo seja divina com frases primordiais com a pretensão de ser a  gênese de todas as coisas.

A literatura chamada clássica, qual seja aquela que inspirou todas as demais, parte do pressuposto de explicar o que é o homem e a vida. Por isso tanta referência com os Deuses. Nossa cultura ocidental é filha de Homero, grego do século oitavo antes de Cristo. Escreveu  A Ilíada e A Odisséia, o primeiro narra a guerra de Tróia o segundo a saga de Ulisses.

É escrito em verso, reúne toda mitologia , costume, história, conhecimento do ocidente. É quase que uma escritura sagrada para os estudiosos de literatura. Ter condições de lê-lo é como devolver a visão que um dia por maldição de algum Deus se perdeu.

O século IX e o VIII  a.C foi chamado de “ período homérico”, o consagrado escritor foi tão famoso e influente que até hoje há quem   diga que  ele nunca existiu, que sua obra é uma reunião de outras obras de fontes diversas, há também controvérsias e disputas em relação ao local de seu nascimento.

O fato que sua obra existe para quem dela quiser se aventurar, falo para todos, porque houve época em que as mulheres eram proibidas de lerem por se tratar de uma leitura muito densa e sangrenta.

Para agradar  a gregos e troianos, a obra de Homero surgiu com a intenção de   glorificar o homem em detrimento aos Deuses. É a passagem para um racionalismo mais medido, para enaltecer a capacidade do homem escolheu o tom épico em verso, como que uma marcha militar em linha de batalha, eloqüente, grandioso, fazia refletir a vida do homem e dos deuses.

A  Odisséia, é a obra que trata da saga de  Odisseu que para os latinos se chamou Ulisses. Foi ele o primeiro herói na cultura helênica a vencer os Deuses. Representou para a época uma revolução nos costumes, uma mudança em todos os sentidos.

A literatura também nasceu desta transformação. Quando o fatalismo sobrenatural das Escrituras deu trégua para a criatividade humana pudemos então escrever nossos sonhos. E a partir desta  fase caminhar com os próprios pés, descalços na realidade, o homem então começou essa eterna luta pelo conhecimento de si e do mundo, a literatura então começou a servir ao sonho e ao sonhador.

Na segunda década do século vinte, inspirada na obra de Homero, a Odisséia, surge outra grande obra , o título é “ Ulisses” do irlandês James Joyce, ela representa a saga do homem moderno, considerado uns dos livros mais polêmicos do nosso tempo. E olhe que o nome Homero em grego significa “ aquele que não vê”.

Juarez R.
Rascunho