Humor e magia

Ao completar 45 anos, “O coronel e o lobisomem”, a obra-prima de José Cândido de Carvalho, continua sendo o mais saboroso romance rural já escrito no Brasil
Ilustração: Marco Jacobsen
01/02/2009

Em 2009, um clássico brasileiro aniversaria: O coronel e o lobisomem, de José Cândido de Carvalho (1914-1989), completa 45 anos, lançado quando a liberdade de expressão no País se fechava, devido ao golpe militar e, ironicamente, a literatura brasileira se abria, da forma mais irreverente possível: com um típico coronel metido a valente, capaz de esconder as suas covardias e, em vez de defender a moral e os bons costumes — o que até fazia, mas não de forma moralista —, preferia desembainhar outra espada e trocar a violência pelo prazer.

Esta história é longa. Começa com uma delícia de romance numa época em que a sátira só se arriscava no teatro, não na ficção. Até que o primeiro grande leitor de Machado de Assis, Manuel Antônio de Almeida (1831-1861), então diretor da Imprensa Nacional, na corte do Rio de Janeiro, publicava o impagável Memórias de um sargento de Milícias (1855). O Realismo atropelava o Romantismo. E o cadáver era enterrado sob risos.

Para que este artigo não fique capenga, insira-se uma sinopse do livro de Almeida. Novela de costumes (registrando a vida na corte, o Rio de então, com seu início “era no tempo do Rei”) marcadamente influenciada pelo teatro farsesco de Martins Pena. Publicada em folhetim (entre 1853-54), antes de sair em livro, vive da irreverência do protagonista e da série de azares dos quais ele se safa por detalhe. Em 48 capítulos breves (forçosamente gerados pela origem da obra, veiculada em capítulos na imprensa), a cada um deles uma peripécia, um imbróglio, uma intriga, um riso que se solta como um estopim prestes a explodir. Eis as Memórias… já antecipando o espírito um tanto cínico do país macunaímico.

Leonardo, o protagonista, destinado a converter-se no sargento de milícias, é filho do casal de portugueses Leonardo-Pataca e Maria da Hortaliça. Os pais conheceram-se no navio que os trazia ao Brasil. Casamento imediato e logo nasce Leonardo, bebê que se destaca pelo tamanho pantagruélico, pela gula, pelas manhas e pelo alarido. A mãe trai o pai, em pouco tempo de casamento. Leva uma surra e foge com um capitão de navio, retornando a Portugal. O pai não cuida do filho e quem se encarrega da educação de Leonardo são os padrinhos, o barbeiro que mora defronte da casa deles, e a parteira. Bem que tentam, ambos, ajudar Leonardo a dar um rumo em sua vida. Leonardo prefere o frege, os namoricos, e nada de estudo, nada de pensar numa carreira. Saiu à mãe? O pai biológico envolve-se com uma cigana que também o trocará por outro. Dura sina. Parece história de crianças grandes. Ou de adultos infantilizados. Mas, no contexto da época, obra arrojada, desafiadora. No terreno das ironias, e na moda de então, Leonardo decide-se vocacionado à Igreja. Padre!? Ao lado do pai, no acampamento dos ciganos, é preso pelo major Vidigal, espécie de sargento García (apenas menos gordo), moleirão e tão inocente quanto presunçoso com o próprio poder.

Volta para a casa dos padrinhos que o encaminham à Igreja da Sé, onde será sacristão. Lá o próprio padre envolver-se-á com a cigana, ex do pai de Leonardo. Na sua amoralidade, o protagonista conta aos fiéis as aventuras do padre, que o expulsa do templo. Vem a conhecer a filha de uma vizinha, Luisinha, futura esposa. Não sem idas e vindas, marca do livro. Para começar, Leonardo-Pataca vai viver com a filha da comadre, a parteira madrinha de seu filho, Chiquinha. Logo nasce uma filha, meia-irmã de Leonardo, e entre Leonardo e a nova mulher do pai a relação não é nada boa. É hora de surgir uma personagem clássica: o rival. José Manuel chega com tudo, desejando Luisinha. A madrinha fica do lado de Leonardo, mas briga demais com a filha, e, somando-se isso ao extravio típico das ações de Leonardo, o rumo tomado é, sempre, o dos desvios. Ele acaba saindo de casa. Vagabundeia pela cidade até que se descobre Vidinha, mulata de cartão postal (não naquela época, claro). A moça tem vários pretendentes e os conflitos chegam às vias de fato. O major Vidigal entra em cena novamente para apaziguar alguns ânimos e punir muitos. A comadre consegue que Leonardo seja incorporado às forças do major. Não é bem o sonho do malandro, mas poderia ser pior. Passa algum tempo na prisão por indisciplina no quartel. Até que favores da madrinha afrouxam a vigilância do major.

Nesse ínterim, José Manuel já se casou com Luisinha mas, péssimo marido, igualmente descuidado consigo mesmo, acaba morto prematuramente. A recente viúva pode retomar o antigo namoro. Leonardo é promovido a sargento de milícias e, uniformizado como militar, casa-se com Luisinha. Final feliz para uma típica comédia nacional dos erros.

Diferenças de linguagem
A referência, talvez um tanto extensa, ao livro de Manuel Antônio de Almeida justifica-se exatamente para destacar uma espécie de crime cultural brasileiro (quantos há no último século!). O livro de Almeida, superior ao que se publicava então, não teve a mesma receptividade de, por exemplo, A moreninha, publicado dez anos antes, em 1845. O coronel e o lobisomem, que herdara do Memórias… o mesmo atrevimento, suplantou-o no reconhecimento do público, esgotando uma edição atrás da outra, desde que foi lançado. Já são cerca de cinqüenta, uma por ano e alguma por fora, de vez em quando. Desta vez o público tem razão.

Quanto à crítica, José Cândido a pegou desprevenida, sem seus parâmetros usuais, já gastos pelo uso em cima da ficção regionalista de 30. Desta, tem o rigor da reconstituição de um mundo ermo e a natureza bruta e lírica de um discurso inculto. Mas os ficcionistas de 30 ainda estavam presos ao que a gramática da cidade os fazia engolir, e quanto mais precisavam da informalidade, mais dela se desfaziam, praticando-a de um modo enviesado, o “inculto e belo” sendo floreado demais e, assim, rígido e inverossímil. Nem voz da cidade nem do campo.

José Cândido de Carvalho achara o jeito. Tinha o radicalismo de Guimarães Rosa, quebrando todas as normas, e possuía, ao mesmo tempo, um jeito seu, único, de ser menos formal que Rosa e mais fabulista. Acrescentando-se aí o humor — ausente em Rosa – e o Realismo Mágico, tão em voga naquela década na América Latina (não esquecer um certo eco da literatura de cordel). Se Rosa exige três leituras para que nos afeiçoemos à voz do narrador, José Cândido precisa de uma só, ainda que sua linguagem seja, sob vários aspectos, renovadora. O detalhe, simples, é que a personagem do coronel (da Guarda Nacional), Ponciano de Azeredo Furtado, toma conta de cada capítulo, e as cenas usam mais a linguagem que o contrário. Rosa não resistiu ao poeta quando narrou. José Cândido narrou poetizando.

Reconhecimento crítico teve, mas de seus pares diretos: Ariano Suassuna, que, aliás, tem um certo tônus verbal do autor de O coronel e o lobisomem, Erico Verissimo, que disse em primeira hora: “é um dos melhores romances já escritos no Brasil”.

Enredos e aparições
O subtítulo de O coronel e o lobisomem empresta, provocativamente, o tom de documento ao que, não tivesse esse subtítulo como uma espécie de “imposição de respeito prévio”, pareceria uma coleção de lendas e causos. Mas não será, desde o subtítulo: “Deixados do Oficial Superior da Guarda Nacional, Ponciano de Azevedo Furtado, natural da Praça de Campos dos Goitacazes”.

De documento não tem nada, mas de memória, sim. Ponciano toma a palavra e só a larga no fim. Há tanto para ser dito e mais ainda para ser resolvido, ser salvo, ser descoberto num universo onde o povinho se esconde de si mesmo e de entidades maiores que o próprio Ponciano, tão decidido.

Herdou muita terra do avô paterno, Simeão. Os pais, perdeu-os cedo. Foi criado em meio a currais, em Sobradinho, longe da cidade de Campos dos Goitacazes (RJ), onde, aliás, o escritor nasceu. No romance, os pais moravam em Campos. Órfão, foi para a fazenda do avô. Infância cheia de apelos, apelos aos quais Ponciano não cede, precoce frente a todas as fomes da vida. O avô pensa nele como advogado. Entrega-o a uma prima, mais beata impossível. A casa da prima fica em Sossego, e o nome não diz pouco. Poucas almas vivas e algumas mortas. Coruja é o bicho mais “normal”. Lobisomem não é lenda. Mas Ponciano não é nada sossegado. Pegam-no com uma menina da vizinhança, buscando menos alma e mais corpo. A prima beata não suporta o golpe. O avô vem buscá-lo. Orienta a prima que o leve para a cidade, em Campos dos Goitacazes, e o enfie no colégio dos padres. Quem sabe.

Ponciano aproveita os instantes de pausa entre os estudos e a vigilância de padres, colegas mais obtusos e, sobretudo, a concentração cristã de Sinhá Azeredo para aprontar para Deus e para o diabo. Quem o segura? Sem testemunhas, comete seus pequenos delitos diariamente, levado pelo desejo sem freios e a curiosidade de quem ainda está nascendo. Com quinze anos, perde para sempre a autoridade vigilante da prima-avó, que morre.

Moram na chácara da Rua da Jaca, onde chega, enviada pelo avô, a negra Francisquinha, disposta a cuidar cada passo em falso que ele dê. Nas noites, tentando dormir, escuta a tosse seca de Sinhá Azeredo, que, mesmo depois de morta, decerto o espia. Francisquinha é dura na queda. Tanto que até a alma da prima-avó desaparece para sempre. Talvez confiante em que a negra porá relhos em Ponciano. Até as almas se enganam.

Já faz o curso de alferes mas vive em festas além do recomendável, perde horários, chega tarde, bebe e, principalmente, namora como um desatinado. Perto de Campos, em Gargaú, mora Branca dos Anjos, que faz jus ao nome. Ponciano apaixona-se e é o sentimento quem lhe dirige o cavalo. O ex-futuro sogro, bem-informado, conhece a má-fama do pretendente: manda a filha para um lugar mais ermo ainda. Ponciano, desiludido, acaba num circo. Ali, em cena quase bizarra, fortalecido pelo desespero da perda, cansado da presunção de um brutamontes, atração do circo e que desafia a todos e a todos vence, aceita a provocação. Entra em combate. E ganha. O futuro coronel começa a merecer honra e patente.

Na volta à chácara é corrido pelo avô, sabedor da indisciplina do neto. Mas nenhum obstáculo o derruba, não facilmente. O incidente o torna famoso entre o povo. E em seguida, coincidência ou não, é promovido a capitão. Juventude que não resiste a pensões onde moças se oferecem, a jogos, a bares, a teatros. E então seu avô morre. O advogado Pernambuco Nogueira faz, junto com o cliente e neto do velho Simeão, o inventário. Muita terra. Muita propriedade. E o único herdeiro é Ponciano.

Começa a luta com o real. Delimitar e regularizar fazendas geram rixas, processos, verdadeiras batalhas. A Cicarino Dantas pertence à fazenda Paus Amarelos, também objeto de disputa. Vendida a Juca Azeredo, parente de Ponciano, representa o desfecho de uma seqüência que ameaçava dar em morte.

Ponciano, afinal, acaba instalado no Sobradinho, residência do avô, agora na companhia da sempre vigilante Francisquinha e um grupo de negras empregadas. É o começo da pujança do protagonista. Segundo seu relato (ele é, quase sempre, a única ou a melhor testemunha de seus feitos), acaba com a fama e as ameaças de uma onça que aterrorizava os moradores. Até então, sem que ele bancasse o herói em que vai se tornando, não havia rebanho seguro. A cena da morte da onça é hilária, digna de conto de fada, mas para adultos. O autor do extermínio da fera é um reles moleque com tiro certeiro. Como quem só viu isso foi Ponciano… Manda o moleque passear para outras bandas e assume a autoria da façanha.

Cansado de tanta dissipação, Ponciano quer casar. Escolhe uma prima, professora, Isabel Pimenta. Comprometida com um amigo de infância, ela se revela irredutível. Ele põe o rabo no meio das pernas. Contrai maleita e vai tratar-se em Campos, na chácara da Rua da Jaca. Recupera-se. Visitam-no o advogado, Pernambuco Nogueira, e a mulher, D. Esmeraldina.

Vai a Paus Amarelos ver o primo Juca e conhece Lorena, um major em busca de auxílio para que eliminem um urutau de olhos de fogo. Ninguém dorme com semelhante presença. Gigante ou não, o jacaré está com os dias contados. O coronel manda mensagem ao Sobradinho, que mandem suas armas de estimação. Enquanto não chegam, vai caçar capivaras com o major. Ponciano, nessa aventura, chega à beira da praia, atraído por… uma sereia! Só com ele.

Ele se recusa a acompanhá-la até o fundo mar. Ela fica triste mas deixa-lhe, de recordação, um cacho de cabelos loiros, prova que Ponciano mostra a Lorena para demonstrar o inacreditável acontecido. Prova?

Vai a Campos dos Goitacazes, na Rua dos Frades, visitar o advogado. Nota ser alvo de olhares da mulher de Pernambuco. Interessa-se por D. Esmeraldina. Promete visitá-los em breve. No retorno ao Sobradinho, recebe do major Lorena, por conta do caso do urutau encantado, um galo de rinha. Ponciano dá-lhe o nome de Vermelhinho. Durante algum tempo Vermelhinho torna-se a presença mais marcante na vida de Ponciano. O que o move, o entusiasma. Acende-lhe o fogo da disputa. Vermelhinho é posto em luta e ganha todas. Há, ainda, a autêntica guerra com um cobrador de impostos chamado João Tibiriçá. O homem abusa, e Ponciano vocifera.

Apenas algumas das impagáveis cenas entre vinte outras de igual quilate. Em todas, interesses escondidos na manga, truques para facilitar vitórias, moças pelas quais Ponciano se encanta mas a disputa é árdua: sempre há outros pares de olhos a cobiçá-las e chegar na frente ou, mais que pares de olhos, valores de outra natureza em disputa a decidirem um matrimônio mais pelo bolso que pelo coração. Sem contar a — justíssima — fama de namorador do, até ali, capitão.

Chegam cartas de D. Esmeraldina convidando para eventos sociais. O que há por trás, se imagina. E é aí que surge o evento principal: o lobisomem. Na vila do Pilar a aparição do homem-lobo não era discutida por ninguém. Queriam mesmo era que alguém desse conta do monstro. Numa noite de lua cheia, cavalgando em sua mula, que o acompanhará, como um Dom Quixote às avessas, livro afora, Ponciano, dirigindo a uma formatura, dá, no caminho, com a presença do bicho. A mula não obedece ao dono e foge, dispara, perseguida. Ponciano leva um tombo. Corre, sobe numa figueira. O lobisomem lá embaixo, roendo o tronco. Ponciano dispara com a garrucha. Imagina que o animal fugiu. Desce. O lobisomem ataca. Ponciano entra na refrega, invoca o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, e o lobisomem se rende, libertado da maldição.

Ponciano supera de longe, a partir daí, a fama que já vinha construindo. Vai para Campos e lá faz de residência o Hotel das Famílias. Próximo do advogado, está próximo da esposa, D. Esmeraldina. Passam a intimidades simultaneamente à fase em que Pernambuco, mal nos negócios, apela para empréstimos com Ponciano. Que não nega, um atrás do outro. O Sobradinho está entregue à direção do capataz. Comercializando açúcar, nova área econômica em que investe, acumula mais dinheiro. Um funcionário do banco com o qual Ponciano negocia adverte-o do papel um tanto estranho ocupado pela esposa do advogado. Apesar disso, Ponciano se envolve mais e mais com D. Esmeraldina. O primo da mulher de Pernambuco vai trabalhar no Sobradinho, então deixado em segundo plano por Ponciano, que se expõe a golpes, sobrevivendo, e bem, devido à enorme energia.

A ajuda financeira do capitão catapulta o advogado na carreira política. A comédia toma todas as rédeas da tragédia e, como exemplo, temos o funcionário do banco, que desconfiava de D. Esmeraldina, aproveitando-se de favores sexuais dela, quando da ausência de Pernambuco em viagem por ocasião da campanha eleitoral e de Ponciano acometido de uma súbita caxumba. Mais vinte cenas, todas de levar qualquer um à glória ou à derrocada, e chegamos ao estágio do incansável capitão vendo-se obrigado a vender a fazenda de Mata-Cavalo e a chácara da Rua da Jaca. Dívidas suas, sim, mas também de Pernambuco Nogueira.

Rompe com este, que, perdendo as eleições, passa para a oposição. Rompe também com D. Esmeraldina, que assumiu publicamente sua relação com o funcionário do banco. O mundo é dos caras-de-pau. O Sobradinho está quase entregue às traças, e é só uma metáfora, mas pior que traças mesmo. Seu ex-sócio morre e a viúva lhe dá, como presente pela consideração sempre demonstrada, um sabiá-laranjeira engaiolado. A companhia do animal lhe faz bem. Sai, com um porrete (“gurungumba”), descendo o cacete em meio mundo, inclusive funcionários do banco que lhe extorquiu fortunas. Viaja de trem acompanhado, sempre, do sabiá, o que leva muitos a pensarem que ele perdeu o juízo.

Já com a patente de coronel, junta munição e amigos e arma uma guerra contra os coletores de impostos. Quando a luta se arma, num desses preparativos, o coronel tem um ataque, como se cardíaco, e de repente se vê andando, quase levitando, observando o cenário em volta, velhos conhecidos já mortos, um dos quais conta-lhe do que o diabo é capaz. Ponciano, assim como fizera com o lobisomem, decide: vai enfrentá-lo. Vê um antigo colega de infância, como um anjo a protegê-lo, e, montado na mulinha de São Jorge, vestido com a farda, o coronel cavalga, decidido, num final épico e lírico. Épico porque evoca as batalhas incessantes contra inimigos mais poderosos. Lírico porque o cenário evoca o mar próximo, os sons da madrugada, o mistério no ar, mistério que contamina, saudavelmente, o livro do início ao fim.

O desfecho de O coronel e o lobisomem não lembra o humor de grande parte da obra. É mais trágico que cômico. Mas a mulinha como cavalgadura, o exército de um homem só e o adversário constituído por uma entidade mítica emolduram a convergência de três forças poderosas da literatura de José Cândido de Carvalho, parte da qual se pode encontrar em trechos de seus outros livros: a febril imaginação narrativa, a liberdade da linguagem, sua musicalidade e riqueza léxica, e o olhar bem brasileiro, a caminho da modernidade e se debatendo contra ela.

O coronel e o lobisomem
José Cândido de Carvalho
José Olympio
400 págs.
Por que Lulu Bergantim não atravessou o Rubicon
José Cândido de Carvalho
José Olympio
285 págs.
José Cândido de Carvalho
Nasceu em 1914, em Campos dos Goitacazes, no estado do Rio de Janeiro. Formou-se em Direito, mas abandonou a profissão no início. Trabalhou em diversos jornais e chefiou o copidesque de O Cruzeiro. Seu primeiro livro é de 1939, o romance Olha para o céu, Frederico. O segundo, também romance, demoraria muito, mas como valeu a pena essa espera: O coronel e o lobisomem (64), que o consagrou. Em 1970, foi diretor da Rádio Roquette-Pinto, onde se manteve até 74, quando assumiu a direção do Serviço de Radiodifusão Educativa do MEC. Em 71 lançou o volume de crônicas Porque Lulu Bergantim não atravessou o Rubicon. No ano seguinte, Um ninho de mafagafes cheio de mafagafinhos, 144 contos curtíssimos. Logo, em 72, uma coletânea de entrevistas: Ninguém mata o arco-íris. É eleito para a Academia Brasileira de Letras, Cadeira 31, em 74. Em 75, eleito presidente do Conselho Estadual de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. De 76 a 81, foi presidente da Fundação Nacional de Arte (Funarte). Publica Os mágicos municipais: Contados, astuciados, sucedidos e acontecidos do povinho do Brasil, contos, em 84. Falece em 89, deixando inacabado O rei Baltazar.
Paulo Bentancur

É escritor. Autor de A solidão do diabo, entre outros.

Rascunho