Ao meu lado, as mãos de Mitchell, os olhos cobertos pelo boné, tremiam. Quando embarquei na conexão em Frankfurt, ele, que tinha saído de Londres, se preparava para um date internacional — you know this, me perguntou antes que eu pudesse colocar os fones de ouvido para me distrair com o novo passatempo, os audiobooks. É preciso agir, antes que a vida me impeça, alertou. Era um dos mandamentos do livro de autoajuda que ele levava e que, fácil perceber, não se calaria para ler. Passado dos 70, me contou seus insucessos na Bélgica e no Canadá. Sobrevoando a Serra do Mar, sublinhava outro mandamento: uma vez iniciada a tarefa, siga adiante, não esmoreça. Avante, Popó, nada de recuar desnecessariamente, imediatamente pensei, avaliando se valeria a pena esclarecer que era apenas uma possibilidade de transcriação dos imperativos.
Cuidado com o boa noite, Cinderela. Não saia sem o seu passaporte. Não deixe anotada a senha do seu cartão. O lugar em que ela diz morar é uma pirambeira (nenhum sinônimo exato em inglês para o terreno íngreme das cidades onde espetam casas e edifícios sem qualquer licença dos órgãos de fiscalização, nem nos tradicionais dicionários de papel nem nos online). O baixinho que se apresentava artista plástico vinha ao Rio de Janeiro encontrar Rita F., segundo ele, uma tradutora que conheceu pelas redes sociais.
Naquele voo, eu ainda estava submersa no branco, desde que, na tarde da primeira segunda-feira de 2019, parado na garagem aberta, o Beetle vermelho me aqueceu os olhos. A porta esquerda aberta, sua dona acumulava no meio-fio a neve que a impedia de sair. Do outro lado da pista em mão dupla, além da bolsa e da mochila, arrastando uma mala enorme com uma das quatro rodinhas empenada, eu subia. À minha direita, continuava o bosque com suas árvores de galhos brancos, a folhagem e o chão cobertos pela mesma neve que às três da tarde caía enviesada. Não era possível eu estar tão errada, havia seguido todas as instruções do e-mail na tela do celular congelada por falta de um chip local, pensava, agoniada, enquanto procurava pelo small market que, informavam, marcava a bifurcação de onde eu caminharia só mais uns dez minutos até chegar à casa. Essas instruções, grunhi, devem ter sido preparadas na era pré-Google Maps, me culpando imediatamente por não ter eu mesma providenciado o mapa do trajeto. A mesma procrastinação me deixou com o solado de borracha da bota totalmente desgrudado; desde o último uso, ele já estava descolando. Nem uma janela iluminada, um local de comércio, pedestre nenhum a quem eu pudesse pedir orientação. Não teve jeito: o besourão vermelho e ela, na minha frente — eu daria um jeito de me comunicar naquele país de língua francesa, alemã e italiana. Enquanto eu atravessava, ela nem se virou. Pedi desculpas, não cuidei de falar de onde vinha, mas expliquei que precisava chegar àquele endereço. Mostrei-lhe minha telinha, e a sua expressão de total ignorância me pareceu sincera. Pegou a minha mala e colocou no banco de trás. Garantiu que ia tentar chegar lá, mas que também não estava encontrando “aquilo” no GPS.
Pelas curvas, eu devia acreditar que ela, cujo nome de nada adiantava saber, estava na hora de buscar as crianças na escola, numa ladeira que eu não tinha ideia alguma de onde iria parar, sem internet no celular, com dinheiro contado e o sapato furado. E calava o que eu mesma pensaria se estivesse pelas pirambeiras cariocas. Depois de retornar de um cruzamento, de descer e voltar um trecho de ré, localizo numa placa de madeira não maior do que um palmo: Looren. Contornando uma pequena rampa, cenograficamente varrida da neve, ela retirou meu malão e eu, apatetada, repetia o elementar: many many thanks. Toquei a campainha. Ninguém abria, o carro vermelho pronto para engatar a primeira e eu na entrada de uma casa onde o telefone tocava. Ela, a minha condutora, tinha descoberto o número do fixo e surpreendido alguém que, diante do toque daquele aparelho obsoleto em tempos de mobilidade, sequer se deu ao trabalho de atendê-lo, indo direto atender a porta — que, por sinal, logo me diriam, fica destrancada durante o dia inteiro.
Na soleira, o ar morno e seco que veio de dentro confundiu a minha vontade de esconder a boca de jacaré com a de retornar e entregar para sempre a condução da minha vida à motorista, que já rosnava o motor de Volks reconhecido pelos que, em outro hemisfério, identificam a passagem de um carro da pamonha. Quem além de mim ficaria dentro daquela casa, desde o instante em que a gerente de Looren, suíça com nome de protagonista de Jorge Amado, entrou comigo pelo corredor na direção do meu quarto? Minha vizinha abre a porta e logo conversávamos, ela e eu, cada uma com sua pronúncia do inglês suficiente para me fazer desconfiar de não ter compreendido que a milanesa Sílvia traduz para o italiano romances chineses de autoria feminina.
Numa língua (ainda) silenciosa diante do janelão de vidro, migravam os vestígios dos últimos meses.
Eu carregava exatos 12 meses de luto. Quase dois anos antes, havia iniciado a tradução de alguns ensaios e esquetes de Gertrude Stein. Nenhuma informação tinha daquela instituição suíça de apoio ao trabalho de autores e tradutores, quando circulou uma chamada para latinos. Era agosto de 2017 e a quimioterapia semanal, embora estourasse as veias e exigisse remédios complementares que transtornam qualquer bom humor, não foi suficiente para fazer meu companheiro desacreditar da cura. Se, então, me admitissem, seria uma confusão: eu não sairia do Brasil, da cidade, de casa, da rede nordestina onde eu me deitava ao lado dele.
Cinco meses adiante, as fibrilações do tumor voraz alojado no pulmão dobraram a cervical e fizeram parar o coração que acompanhei por décadas. Certa vez, numa das internações, uma assistente social de prancheta na mão perguntou quem eu era. Rimos. “Sou a acompanhante”, informei, “nos acompanhamos há um certo tempo”. A partir daí ele adotou a fórmula que, diante do rolo que eram nossos embates e encontros íntimos e públicos, traduzia pela simplicidade nosso estado civil. Nos acompanhávamos.
Em 2018, recomecei o processo de inscrição. Recebi de Looren a confirmação final 24h após o resultado do segundo turno das eleições majoritárias. O filho e as duas enteadas no Rio de Janeiro, eu, no quarto limpo, aquecido e equipado para o trabalho, acomodava hesitações. Numa língua (ainda) silenciosa diante do janelão de vidro, migravam os vestígios dos últimos meses.
Levei quase dois dias para engatar o trabalho. Com Jhyll, moradora de Lyon, que traduz do italiano para o sueco, apareceu desavergonhado o meu vocabulário francês. Saí poucas vezes pela casa: no dia seguinte à chegada, começava a ficar mais nítida a cidade adivinhada na noite anterior pela iluminação urbana. Às 9h30 da manhã, tudo o que eu descortinava através das folhas brancas das persianas apostas por trás das vidraças entre alisares de alumínio branco era a planície com seus arbustos que de verde tornaram-se cinza e se cobriam de branco. Depois deles, bem abaixo, outra vasta área branca, talvez um terreno plano ou um amplo lago congelado. A paisagem alvorecia coberta por névoa, aos poucos rebatendo com mais nitidez os contornos do branco sobre o branco. Não se ouve som externo algum.
Detenho-me nos originais a traduzir, brigo contra a dispersão. Relendo, percebo o ritmo das frases, mas não me decido pelas rimas adequadas. Faltou trazer uma garrafa de conhaque.
Dia seguinte, tenho de ir ao village comprar alguma comida. Na hora do almoço, pretendo. Ontem, às 7h, já ia noite alta. Looren fica no bairro de Hinwil, a 20 quilômetros do centro de Zurique. Onze da manhã, comecei a me vestir para ir ao market em plena luz do dia. Quando terminei de colocar os três casacos, as duas meias, as duas calças, sumiu o capuz de lã. Revirei o quarto, fui ao banheiro. Achei-o no bolso do capote. Ia finalmente sair quando voltei para pegar as luvas. O comércio fecha entre meio-dia e duas e meia. Neva horrores. Quase troquei pacarai por hardly. Tirei tudo e fiquei. A geladeira do quarto está vazia.
Aproveito para andar pelos corredores da casa. Na porta de cada quarto, uma plaquinha com o nome de artistas suíços: Corinna Bille batiza o meu. Pelos que passei, só há nomes femininos. Do total dos nove aposentos, Silvia e eu ocupamos dois no andar de baixo. No dia seguinte, Sahar chega do Irã, para, no meu outro lado, traduzir para o persa a poesia de um americano. Mais um dia e virá a polonesa Danna, que estava ali apenas para revisar as provas do último trabalho. Começo a achar sinistra a predominância de mulheres no ofício e na residência. Depois das 8h da noite, uma corta cogumelos, outra frita uma espécie de nuggets verde, me regalo com ovo cozido e pão torrado. O cheiro dos temperos acolhe, uma rolha espoca fora do gargalo, o pano de prato sai das mãos daquela que seca o que a outra lavou. Jhyll, que passou a infância em um cantão do norte, pergunta como resolver desníveis de registro nas narrativas. Uma defende a fidelidade total, outras confessam burilar o estilo alheio. Dônia, com sua fome dos 26 anos, chegaria na manhã seguinte. Silvia, resumindo, pergunta ao zelador Marco, único morador fixo do imóvel: quando chegarão os homens?
São quase 11h da manhã e os arbustos lá adiante estão ficando menores, cortados pelo pé. Atrás deles, tudo branco. Quando cheguei, Marco anunciou que a neve aumentaria nos próximos dois dias. Acreditei nele o quanto me pareceu possível. Sinto muita sede. Bebo água. Encho bules de água e bebo o tempo todo. Nada me lava. Bebo água. Nenhum panorama branco alvo neve clara alvíssima branca super claro Omo total mega hiper brancão me despede do que fui. Bebo água num contra refluxo de tudo que já entornei, nada me esquece de mim. Continuo sedenta, mas acho que este lapso de secura veio depois de escutar a voz dele chegando. Ele não chegaria, eu deveria saber e beber água o quanto conseguisse. O relógio do laptop não atualizou automaticamente, pelo de pulso estou num horário diferente, para tirar a dúvida, vejo o celular, finalmente já equipado com um chip local.
Alvíssimas. Encontro uma palavra que não recordo ter compartilhado com ele. E outra: wundaba, que Dônia, entre o alemão e o persa, me ensinou a pronunciar. Ainda não informei que lá não tem televisão. Nem espelho nos quartos ou objetos cortantes ou pontiagudos. Tem uma alça de couro pendendo no teto da cozinha. Seis horas da tarde e acho que a meta do dia era descobrir para que ela serve.
As unhas do pé ficam muito esquisitas depois da nevasca de domingo à noite. Aceitei o convite de um casal amigo e fui a Berna, de onde partimos para Muerten e Friburg. Na estação de trem, os totens de venda de bilhetes se comunicam com o passageiro em francês ou em inglês; caso ele seja fluente em alemão e, dependendo da região onde viveu a infância, alfabetizado em italiano, também pode escolher. Da mesma forma, os atendentes dos guichês giram a roleta ao gosto do freguês. Opto pelo atendimento presencial, para me certificar do sabido — nem um nem nenhum dos meus patrícios começaria uma compra em jê, prosseguiria em português e a concluiria em banto, numa epifania idiomática. Meus dedões, apesar dos tênis de couro que calçava, congelaram.
Procuro me disciplinar e recuperar o tempo perdido no final de semana. Não há um fiscal da produtividade, mas persiste a leve impressão de que estou sempre em dívida. Reviso os dois textos concluídos e some qualquer certeza de que na nova língua a fatura para o leitor estará quitada. Choveu e recomeça a nevar. À esquerda, no pátio da frente, há um trapo, uma espécie de mancha que se parece com um pássaro. Difícil dirigir os olhos para o teclado ou a tela. Duas vezes pensei que havia se mexido. Nitidamente tem um bico. Por longos trechos nas redondezas, caminha-se e não se encontra um amassado de jornal, uma embalagem de plástico ou uma bola furada. Justamente agora, alguma coisa com esse formato de tangará aparece. Para chegar lá, numa distância de menos de dez metros da minha janela, meus pés teriam de afundar até o joelho. Faço um café, volto e já não distingo se o que seja bico ou seja rabo está para cima ou para baixo. Decido caminhar pelo outro lado.
Preciso ver o rosto de meu filho, escutar a sua voz. Faz hoje tanto sol que estou sem meia. Acordei muito cedo e consigo retomar a média de laudas diárias. Encontro Mia, que conhece a Amazônia, e Pablito, que ficam no mercadinho, enquanto sigo. Vou a Zurique. Conversamos no caminho e ele conta que, se não vivesse há 15 anos em Berlim, com certeza não teria tido chances de trabalho e conseguido criar dois filhos em condições razoavelmente confortáveis.
Uma vez por semana, Marco prepara pratos do inverno suíço para o jantar. O vinho fica por conta dos hóspedes, a quem ele mesmo vende a preços convidativos. Todos têm acesso aos utensílios da cozinha, exceto à chave da cafua onde ele entoca as garrafas. Pablito diz que sabe onde fica guardada, mas não se atreveria a mexer. Somos oito e todos comem muito e bem. Começam a preparar o café e eu pergunto se na misteriosa adega não tem grappa. Como na semana passada, quando Dônia revelou sua voz grave num lamento persa, há a convocação para que cada um cante alguma coisa de seu país. Tina, a finlandesa, que oferece aulas de ioga antes das sete da manhã, entoa uma canção melancólica e a reconta em inglês. Pablito observa que cada cultura ama à sua moda, e comprova com todos os recursos a que tem direito, que a sua rumba cubana exige o acompanhamento de um rebolado que simula uma peneira em movimento. Insistem comigo e engato: Se um dia, meu coração for consultado, para saber, e a um aceno de mão no final, laiá-laiá-laiá-laiáááá, a mesa canta junto Paulinho da Viola. Enquanto eu explicava que também era uma declaração de amor por uma school of samba, Marco servia a grappa.
Latica, a croata que faz pães todos os dias, e eu temos meias idênticas. Descobrimos nas aulas de ioga.
Ontem foi domingo. Avancei. Conferi a escansão dos parágrafos. E deletei um bocado. Chegou, para o quarto que foi de Silvia, um casal de tradutores da Catalunha. Aparecem para jantar de cabelos molhados. Ela sabe o que colocar no prato dele. Ele, ao menos, não reclama — com seu metro e noventa de altura, é o único grisalho na casa. Sem que ninguém combine, ocupa a cabeceira da mesa.
Sahar parte hoje. Eu, daqui a três dias. Ontem, secamos suas garrafas de rosé que ela aprecia feito criança e não tem permissão do pai nem do marido para beber na sua terra. Combinamos que bata em Corinna Bille quando estiver pronta para sair. Tento contabilizar de quantas mortes precisa um tradutor para fazer viver um novo corpo, quantas ideias precisa ele renegar para se refundar na cova das escolhas descartadas. Vou à cozinha buscar água no início da tarde, a porta do quarto vizinho está aberta, fico sabendo que minha amiga foi embora. Vejo suas sandálias de plástico na entrada de casa. Fotografo e pergunto pelo WhatsApp: Cadê você? Ela se desculpa, diz que sabe o quanto valem os minutos de concentração em Looren, por isso não quis me incomodar, está no aeroporto comprando cigarros para o marido. Peço que me prometa vir ao Brasil em breve. Prometo-lhe, igualmente, ir visitá-la no Irã. Ambas conhecemos as verdades de nossas juras.
Mia e eu dividimos o bule de café. Sem que eu pergunte, ela me diz que vai ao mercado. Prefiro ficar com Gertrude, digo que vou outra hora. Brincamos: merciiiii, Lu, merciiiii, Mia, imitando a saudação de despedida da vendedora no small market de Hinwil. À tardinha, interrompo a conversa em francês que ela está tendo com uma freguesa para me certificar, em inglês, de que uma moranga robusta custa mesmo 15 francos. Concluo minha compra de miudezas e solto sem medo de ser feliz um danke!, surgido feito chiste não imagino de onde.
Não há um fiscal da produtividade, mas persiste a leve impressão de que estou sempre em dívida.
Ontem fui me despedir de Zurique. Continuo achando que três ou quatro sujeitos conversando na porta de um hotel são, inegavelmente, um conluio de laranjas que traficam dólares para estocá-los no paraíso fiscal. Esqueci de perguntar a Marco ou a Gabriela o melhor termo para o que seja um laranja. Comprei um par de botas novas. Vou a pé até a casa do Beetle vermelho. Toco a campainha, bato na porta, ninguém responde. Deixei um exemplar de uma tradução de Mary Shelley, equilibrado entre as pedras e a dobradiça da porta da garagem, ciente de que não há leitor da língua portuguesa na família, provavelmente nem na redondeza.
Vou embora amanhã, ainda resta o posfácio a traduzir. Fico na minha mesa, diante do lento e inflamado pôr do sol. O casal catalão avisa: vinhos para a noite de sábado. Wundaba. À medida que escurecia, sobressaía minha imagem na vidraça, realçada pelo amarelo do lenço no pescoço. Um vértice de céu da tarde ainda clara ocupa a minha testa, os olhos see the world spinning around. Acima, só escuridão. Embaixo, piscam pequenos pontos avermelhados da cidade após o lago.
Mitchell me pergunta se trabalho, o que estava fazendo na Europa. Não minto. Ele não resiste: você é Rita? May be, respondo, e trocamos o pudim da sobremesa, que não me apetece, por um brioche. Pede que eu o acompanhe até o saguão da chegada. Se Rita não aparecer, onde vou despachar o velho espertinho no calor de 40 do verão do Rio, onde as ruas, os telhados, os silêncios não são brancos?
Assim que reinstalo os chips brasileiros, sou avisada de que Malu, amiga que foi para Estrasburgo estudar logo após o impeachment de Dilma Rousseff, retornava no mesmo voo. Eu e o lorde nos separamos nas filas dos passaportes, organizadas para brasileiros e para estrangeiros. No setor das bagagens, Malu e eu caímos num choro convulsivo, imprevista linguagem com que definitivamente nos despedimos — presumo — destes dois últimos anos. Dali, aceno com os braços para Mitchell, que me procura com os olhos ansiosos. Ele, entretanto, não me localiza e não me espera.
Os noticiários divulgam hoje a prisão dos acusados de dispararem o gatilho no assassinato de Marielle e de Anderson. Recuso-me a repetir os nomes dos brucutus. O Estado tem caninos manchados de sangue. A unha do dedão de um pé congelada, a de outro preta. Voltei — as bochechas longe da neve. Abraço meu menino, não escondo a aflição pelos dias que virão. Estou de novo em casa, e, numa googada, certifiquei-me de que Rita F. é tradutora carioca.