Para Vinicius de Moraes, o jornalista capixaba José Carlos Oliveira — ou Carlinhos, como era mais conhecido nos ambientes que freqüentava, os bares e as redações cariocas das décadas de 60, 70 e 80 — foi o “último dos clochards”. Sempre curto de grana, alimentando-se mal, flauteando pela noite do Rio, bebendo além da conta e se metendo em encrencas amorosas. Morto em 1986, ainda jovem, era um autor extremamente confessional e emotivo, observador de uma sociedade que, ao mesmo tempo em que o acolhia e celebrava, fazia dele um artista e pensador marginal. Pois Carlinhos é o responsável por um dos maiores registros escritos da vida e dos costumes cariocas e brasileiros de sua época. Sua obra é vasta e diversificada: produziu milhares de páginas de romances, contos, crônicas e diários pessoais.
Boa parte desse material vem sendo relançada no mercado nacional, em longos volumes organizados por Jason Tércio, jornalista, escritor, tradutor e biógrafo de Carlinhos Oliveira. A Civilização Brasileira editou três livros de uma só vez: dois deles reúnem as crônicas do jornalista em ação pelas madrugadas do Rio de Janeiro — O homem na varanda do Antonio’s — e por diversas cidades da Europa — Flanando em Paris —, onde encontrou gente como Jean Paul Sartre, Samuel Beckett e Fernando Sabino. O terceiro livro é Diário selvagem — O Brasil na mira de um escritor atrevido e inconformista.
Um quarto título de Carlinhos está sendo lançado pela Agir. Em O Rio é assim, Tércio coletou diversas crônicas, todas inéditas em livro, publicadas pelo autor em jornais e revistas cariocas entre 1953 e 1984.