O ano Orwell
Em 2021 a obra de George Orwell entra em domínio público. A partir de agora qualquer editora pode publicá-lo. A Biblioteca Azul (Globo) publicará 1984, com tradução de Bruno Gambarotto, e A revolução dos bichos, cuja versão para o português será de Petê Rissatti — a edição já aparecia em pré-venda no mês passado. A Companhia das Letras, detentora dos direitos de publicação de Orwell no Brasil, relançará 1984 e já publicou A fazenda dos animais (título da nova tradução de Aminal farm, feita por Paulo Henriques Britto), e colocará à venda também a coleção de ensaios Sobre a verdade. Entre as editoras que já confirmaram Orwell em seu catálogo estão L&PM, Autêntica e Antofágica. O frisson em cima do autor, para além da qualidade e da importância de sua obra, é muito simples: somente em 2020, Orwell vendeu 60 mil cópias no Brasil, apenas de seus dois livros mais conhecidos.
Isolamento criativo
Drauzio Varella, autor dos best-sellers Estação Carandiru, Carcereiros e Prisioneiras, prepara um novo livro para este ano. Uma reflexão sobre o Brasil, como o próprio título deixa claro, reúne impressões sobre as evoluções, conquistas e retrocessos do país através dos olhos do médico, com mais de 50 anos de profissão. A inspiração para ao livro nasceu, justamente, dos desafios de 2020, em especial o isolamento social.
Distopia e HQ
Paulo Scott programa para o primeiro semestre deste ano o lançamento da sua primeira graphic novel. Meu mundo versus Martha, produzida em parceria com o ilustrador Rafael Sica, narra uma saga de militarismo e opressão que, de acordo com o próprio autor, “dará o que falar”. O livro sai pelo selo Quadrinhos na Cia.
Sem sexo ruim
Que 2020 foi um ano, para dizer o mínimo, atípico, ninguém discorda. Tamanha singularidade fez com que um dos prêmios literários mais estranhos fosse cancelado. O Bad Sex Award, que premia todos os anos as piores cenas de sexo escritas em língua inglesa, não foi “celebrado”. Segundo os organizadores do evento, que já “premiou” nomes como Morrissey, Norman Mailer, John Updike e Haruki Murakami, “o público já foi sujeitado a coisas ruins demais neste ano, para justificar expô-lo a sexo ruim também”.
Lugar de fala
A Ubu publica neste ano Malcolm X speaks, uma série de discursos do líder do movimento negro norte-americano. O livro, que terá tradução da escritora Marilene Felinto, foi publicado poucos meses depois de Malcolm X ser assassinado e é um importante documento das lutas pela igualdade racial.
Ao pé do ouvido
O português Valter Hugo Mãe acaba de publicar Contra mim, livro que reúne as memórias do autor envoltas em um véu de ficção e recriação. Passeando por eventos históricos como a Revolução dos Cravos, além de momentos extremamente pessoais, como a morte do irmão, na infância, o escritor português usa a linguagem da crônica para compor seus textos.
Breves
• João Cezar de Castro Rocha, colunista do Rascunho, deve publicar neste ano Guerra cultural e retórica do ódio (Crônicas de um Brasil pós-político). A obra está programada para sair pela Caminhos.
• Morreu em 12 de dezembro, aos 89 anos, John Le Carré, considerado o maior nome da literatura de espionagem. Sua obra mais conhecida é O espião que sabia demais, transformado em filme em 2011.
• A Editora 34 publicará a obra completa de Leonardo Fróes, uma das principais vozes da geração de 1970, como celebração pelos 80 anos do poeta.
• A Dublinense publica no primeiro trimestre Atlas do corpo e da imaginação, um dos livros mais ambiciosos do português Gonçalo M. Tavares.
• A Record criou um selo para publicar apenas e-books. O e-stante pretende lançar clássicos da literatura mundial, best-sellers e obras de autoajuda.