Vidraça #218

Notas sobre literatura e mercado editorial
Ruy Castro Foto: Frederico Rozário
30/06/2018

O retorno do Paiol Literário
O Paiol Literário — um dos mais importantes projetos de bate-papos com escritores brasileiros — retorna em 5 de junho com a participação do jornalista e escritor Ruy Castro. Até o final do ano, serão sete encontros, sempre às 19h30, no Teatro Paiol, em Curitiba. A entrada é gratuita. As conversas serão transcritas em forma de entrevista no Rascunho (impresso e site). O Paiol Literário conta com o patrocínio da Caixa Econômica e apoio da Fundação Cultural de Curitiba. Entre 2006 e 2013, participaram 64 autores, entre eles João Ubaldo Ribeiro, Moacyr Scliar, Bartolomeu Campos de Queirós, Carlos Heitor Cony, Nélida Piñon e Marina Colasanti.

História vergonhosa
Os historiadores Lilia Moritz Schwarcz e Flávio dos Santos Gomes são os organizadores do Dicionário da escravidão e liberdade, que reúne mais de 50 ensaios sobre o período escravagista brasileiro. O volume foi lançado em meados de maio, quando a abolição completou 130 anos e é um importante documento sobre um dos momentos mais vergonhosos de nossa história. Os textos — assinados por gente do calibre de Luiz Felipe de Alencastro, Luis Nicolau Parés, Stuart B. Schwartz e Martha Abreu e Keila Grinberg — ajudam a desfazer lugares-comuns a respeito da escravidão.

Retrato doente 1
Matheus Peleteiro publica em breve seu quinto livro, O ditador honesto, uma fábula distópica sobre a política brasileira. Inspirado por Ray Bradbury, George Orwell e Aldous Huxley, o autor — com certa dose de ironia e tristeza — narra o apocalipse social e político do Brasil em um futuro não muito distante. O romance vai muito além da dicotomia direita e esquerda, dialogando com outro importante retrato de nossos tempos: Submissão, de Michel Houellebecq.

Relato doente 2
O escritor e diretor Ramin Bahrani publicou, no começo de maio, um ensaio no jornal The New York Times, analisando a ligação da obra-prima de Bradbury, Fahrenheit 451, com a era das redes sociais. Responsável pela mais recente adaptação do livro para a telona, o cineasta debate sobre os tempos extremos que estamos vivendo, um momento em que a arte é deixada de lado em favor de um discurso radical. Com um olhar assustadoramente arguto, Bahrani traça o retrato de um mundo cada vez mais doente e fechado na vastidão das telas.

Coleção particular
O escritor, letrista e tradutor curitibano Fernando Koproski lançou em maio Pequeno dicionário de azuis (7Letras), volume que reúne a sua poesia de 1995 até os dias atuais. Com 660 páginas em edição luxo, o livro conta também poemas inéditos e um CD com as faixas do projeto Tudo que não sei sobre o amor, em parceria com Luciano Romanelli, gravações inéditas e raras de diversas do poeta, além de canções escritas em parceria com Beijo AA Força, Carlos Machado, Alexandre França e Casca de

História de horror
O cineasta Tim Burton eternizou a história de um barbeiro que assassinava os seus clientes enquanto dava aquele tombo no topete. O conto, entretanto, não é novo. A primeira publicação de Sweeney Todd, o barbeiro demoníaco da Rua Fleet foi em 1846, e o texto se tornou uma das mais interessantes penny dreadfuls — antologias de textos de terror — já lançadas. Apesar da fama, o livro ainda é inédito no Brasil. A editora Wish iniciou uma campanha de financiamento coletivo para publicar o conto por aqui. Com meta um pouco maior que R$ 22 mil, Sweeney Todd está disponível para apoio até 6 de julho no link: catarse.me/sweeney.

Feira de Brasília
Com curadoria do jornalista e escritor Maurício Melo Júnior, a 34ª Feira Internacional do Livro de Brasília acontece entre 1º e 10 de junho no Pátio Brasil Shopping. O evento homenageará a literatura infantil e o Uruguai. Estão confirmados os escritores Alessandra Roscoe, Ana Beatriz Brandão, Antônio Torres, Cristovão Tezza, Ignácio de Loyola Brandão, Lourenço Cazarré, Maria Valéria Rezende, Maurício de Almeida, Roger Mello, Stella Maris Rezende, entre outros.

Breves

• A Nova Fronteira acaba de publicar um box com três clássicos da literatura de aventura. A caixa, intitulada Mestres da aventura, reúne A ilha do tesouro, de Robert Louis Stevenson; Robinson Crusoé, obra máxima de Daniel Defoe; e a satírica e, infelizmente, atual Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift.

• O catarinense Giovanni Arceno, autor de Vitória, lançou em maio seu segundo livro, Os buracos. Publicada pela e-Galáxia, a obra está disponível somente no formato e-book.

• O Colégio Medianeira publicou seu primeiro podcast, o MedCast. No episódio inaugural, o debate gira em torno da relação entre história em quadrinhos e literatura. Para conferir, acesse: colegiomedianeira.g12.br/medcast.

 

Jonatan Silva

É jornalista e escritor, autor de O estado das coisas e Histórias mínimas.

Rascunho