Vidraça #239

O surgimento da Faria e Silva, a tormenta em torno de Bolsonaro e outras informações do mercado editorial
Eloar Guazzelli terá livro lançado pela Faria e Silva
29/03/2020

Nova editora
A Faria e Silva chega no mercado com quatro eixos editoriais destinados a públicos variados — Texto em transe, para autores contemporâneos e disruptivos, Lume novo, que publica material de escritores consagrados ainda em atividade, Tarumã, para resgatar obras desconhecidas de nomes clássicos, e Camelão, com graphic novels. Para iniciar a jornada, que conta com a parceria da livraria Martins Fontes para a distribuição e operação comercial, a editora vai lançar — entre outros títulos — o romance Mundos de uma noite só, de Renata Belmonte, uma antologia de contos do mineiro Luiz Vilela, textos de não ficção de Olavo Bilac (1865-1918) e José de Alencar (1829-1877) e a novela gráfica Porto Alegre (foto), nos traços de Eloar Guazzelli.

Polêmica à vista
Fernando Morais, um dos mais renomados biógrafos brasileiros, publicará ainda neste ano um dos seus livros mais ambiciosos, a biografia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda sem uma data e sem título definidos, o livro promete ser um dos lançamentos mais aguardados e polêmicos de 2020.

Bolsonaro vende
Após receber críticas do presidente da república, o livro Tormenta: O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos, da jornalista Thaís Oyama, figura em 1º lugar na lista de e-books mais vendidos na Amazon, categoria Comentários Políticos e Opinião, e em 2º lugar na mesma categoria, porém, de livros físicos. A obra alcançou o 8º lugar na lista de mais vendidos do Publishnews na categoria de não-ficção.

De volta ao jogo
Fora de catálogo há anos, Os sete loucos, um dos principais romances do argentino Roberto Arlt, volta às livrarias. Em reedição da Iluminuras, que conta com tradução de Maria Paula Gurgel e prefácio de Manuel da Costa Pinto, o livro explora as diversas faces da miséria e as consequências da penúria.

De volta ao jogo #2
A Companhia das Letras relança uma das obras mais importantes e transgressoras de Hilda Hilst. A Obscena Senhora D foi publicado originalmente em 1982 e é um embaralhado narrativo sobre o luto e o perigo de viver apenas de e nas memórias, mas funciona também como um tratado sobre a essência do ser humano.

Labirinto
O jornalista e escritor Marwio Câmara publica pela Moinhos sua nova novela, ainda sem título. Segundo o autor, trata-se de um texto experimental e que narra a obsessão de um homem por uma mulher, em uma espécie de narrativa-labirinto. A obra foi finalista do Prêmio Gato Bravo, de Portugal.

Sci-fi
A Rádio Londres publica neste mês É difícil ser um deus, ficção científica dos irmãos Arkady e Boris Strugatsky, publicada em 1964. Considerado uma das pedras-fundamentais do gênero, o livro narra a história de uma equipe de espiões enviada a um planeta cuja população vive em um regime fascista e ainda na idade média.

Inédito
O polêmico escritor francês Michel Houellebecq, conhecido por obras-primas como Plataforma e Submissão, publicou no começo dos anos 1990 um grande ensaio sobre H. P. Lovecraft e que ainda estava inédito no Brasil. A Nova Fronteira lançou no final do mês passado H. P. Lovecraft: contra o mundo, contra a vida, que conta o prefácio de Stephen King.

Distopia
A dublinense lança ainda neste mês o distópico Vamos comprar um poeta, de Afonso Cruz. Em uma sociedade dominada pelo materialismo e pragmatismo, as famílias têm artistas como animais de estimação. Combinando humor e uma ácida crítica, o escritor tece uma história assustadoramente contemporânea.

 

BREVES
• A obra de Pier Paolo Pasolini está de volta às prateleiras. Escritos corsários será publicado pela Editora 34.

• A Companhia das Letras publica Tudo em seu lugar, uma coleção ensaios póstumos de Oliver Sacks, morto em 2015.

• Também pela Companhia das Letras, Noemi Jaffe publica seu novo romance, O que ela sussurra.

• Cristovão Tezza lança pela Todavia seu novo romance, A tensão superficial do tempo, que narra a história de um professor de cursinho e pirata da cinefilia dentro do turbilhão do primeiro ano do governo Bolsonaro.

 

Jonatan Silva

É jornalista e escritor, autor de O estado das coisas e Histórias mínimas.

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