Mais abrangente reunião da obra de Dalton Trevisan, Antologia Pessoal marca o retorno do autor curitibano às livrarias. Os 94 contos que compõem a obra foram selecionados pelo próprio Trevisan e reúne histórias de Novelas nada exemplares (1959), primeiro livro do contista, até O beijo na nuca (2014), deixando antever suas referências literárias e as diferentes formas narrativas que adotou ao longo da carreira.
Em prefácio, o crítico Augusto Massi analisa influências literárias, analisa a trajetória e ressalta a peculiaridade da seleção feita pelo próprio autor num universo de quase 700 textos curtos. Organizada em ordem cronológica, obra permite, entre outros percursos, aqueles relacionados ao vampiro e os dedicados a Maria.
“Para pinçar o que é realmente original, único, particular, o organizador precisa dominar a totalidade da matéria estudada, possuir vasta experiência de leituras, mostrar convívio e intimidade com a obra”, diz Massi. “Espião da memória. Nesse ponto, estamos em boas mãos. Dalton conhece Dalton como ninguém.”
Considerado um dos mais importantes contistas da literatura brasileira contemporânea, Dalton Trevisan tem uma longa trajetória na literatura. Ainda estudante em Curitiba, já publicava alguns contos em folhetos e, entre 1946 e 1948, fundou a revista Joaquim, um dos mais impactantes periódicos culturais do Paraná.
Teve sua estreia oficial como escritor com a publicação da coletânea de contos Novelas nada exemplares, vencedora do Prêmio Jabuti de 1960. Venceu mais três Jabutis, além de outros prêmios igualmente importantes, como o Prêmio Machado de Assis, o Prêmio da Biblioteca Nacional, o Portugal Telecom (atual Oceanos) e o Prêmio Camões, em 2012 (pelo conjunto da obra).
Sua obra já foi adaptada para o cinema (A guerra conjugal, de 1975, com direção de Joaquim Pedro de Andrade) e para o teatro (em espetáculos dirigidos por nomes como Ademar Guerra, Marcelo Marchioro, Felipe Hirsch e João Luiz Fiani), e seus livros já foram traduzidos para diversos idiomas, como inglês, espanhol e italiano.