A Editora Record lança em abril um box contendo três dos principais romances de Umberto Eco, morto em 2016: O cemitério de Praga, O pêndulo de Foucault e O nome da rosa. Este último, maior best-seller do autor, apresenta os esboços e desenhos feitos de próprio punho pelo autor italiano e nunca antes publicados no Brasil. A edição também conta com um livreto escrito por Raphael Salomão Khède, professor de língua e literatura italiana da UERJ.
“A primeira coisa em que eu pensava era o título, geralmente inspirado nos livros de aventura da época, que eram muito parecidos com Os piratas do Caribe. Em seguida, desenhava todas as ilustrações, depois começava o primeiro capítulo”, recorda Umberto Eco em trecho do livreto que integra o conjunto.
Em seu primeiro romance, O nome da rosa, Eco cria um roteiro policial que se desenrola no século XIV em um mosteiro franciscano da Itália. Neste mosteiro, paira a suspeita de heresia, e para a investigação é enviado o frei Guilherme de Baskerville. Porém, a delicada missão é interrompida por sete excêntricos assassinatos.
A morte, em circunstâncias insólitas, de sete monges em sete dias e sete noites conduz uma narrativa violenta, que encanta pelo humor e pela crueldade, pela malícia e pela sedição erótica. Esses crimes fazem frei Guilherme atuar como detetive.
Já O cemitério de Praga é um tratado sobre o mecanismo do ódio e uma espécie de síntese da história do preconceito. O livro causou desconforto em setores conservadores da sociedade italiana por misturar personagens históricos a um anti-herói fictício, cínico e maquiavélico, capaz de tudo para se vingar de padres, jesuítas, comunistas e, principalmente, judeus.
O odioso Simonini, definido por Eco como um dos mais repulsivos personagens literários já criados, é mestre do disfarce e da conspiração. Do nordeste italiano à Sicília, das favelas de Paris às tabernas alemãs, passando pelo bombardeio a Napoleão III, pela Comuna de Paris e pelo caso Dreyfus, Simonini é todas as revoluções, as más escolhas, os erros do século 19, que Eco reconstrói com rigor histórico.
Por fim, o conhecidíssimo O pêndulo de Foucault apresenta três editores da Garamond, na Milão do início da década de 1980, que, entediados de tanto ler e reler manuscritos de ciências ocultas, inventam uma farsa que conecta cavaleiros templários medievais a grupos ocultistas ao longo dos séculos.
Obcecados com a própria criação, eles produzem um mapa indicando a localização de onde todos os poderes da Terra podem ser controlados — localizado em Paris, no pêndulo de Foucault. Entretanto, por uma fatalidade, a piada se torna real demais. Quando grupos ocultistas, incluindo satanistas, ouvem falar do Plano, a busca pelo controle de Terra não encontra limites.