Um homem deixa misteriosamente sua vida pregressa rumo a uma comunidade litorânea. Esse é o mote de A segunda morte, novo romance de Roberto Taddei, que a Companhia das Letras lança no final de março. Escritor, tradutor e jornalista, Taddei publicou os romances Terminália (2013) e Existe e está aqui e então acaba (2014), além do livro de poemas Essa música não é minha (2019).
“Ele vê a mata escura da serra acender no retrovisor, rajada pelo vermelho das luzes quando pisa no freio, e outra vez o mundo atrás de si desaparece no breu.” Assim começa A segunda morte, numa descida, espécie também de fuga, com um personagem que deixa uma vida para trás. Na direção do mar, uma vila de pescadores do litoral, é para onde ruma Gustavo, um homem de quase 80 anos, na companhia apenas do peso lento do próprio declínio.
Com uma prosa direta, Roberto Taddei conduz o leitor ao território da finitude e do poder masculino devastado. O livro é também um relato sobre a desagregação física, familiar e social, com uma singular descrição da velhice e do encontro humano com a morte.
“Gosto da maneira como o autor omite informações que, ainda que pareçam fundamentais, a rigor seriam supérfluas — o motivo que leva o protagonista a querer desaparecer é uma delas. O livro é muito bom”, escreve o poeta e tradutor Paulo Henriques Britto.