🔓 Obra reúne clássico e inédito de Púchkin no Brasil

O romance “A filha do capitão” é ambientado na revolta camponesa russa de 1773; já “História de Pugatchóv”, de 1834, é o único estudo histórico do autor 
Púchkin retratado pelo pintor Boris Valentinovich Shcherbakov
05/01/2023

Considerada a mais importante obra em prosa de Aleksandr Púchkin (1799-1837), o fundador da literatura russa moderna, A filha do capitão tem nova edição no Brasil, publicada pela editora 34 em sua Coleção Leste. A tradução é de Boris Schnaiderman e o texto de prefácio é assinado pelo crítico Otto Maria Carpeaux, que aborda a biografia do autor e a importância de sua obra. Estão presentes ainda os capítulos iniciais da História de Pugatchóv, de 1834, o único estudo histórico que Púchkin publicou em vida.

A filha do capitão se insere no gênero do romance histórico. Fruto de rigorosa pesquisa, construído com economia de recursos e permeado por um lirismo, aspectos presentes na poesia do autor, o romance é ambientado na revolta camponesa de 1773, liderada pelo cossaco Emelian Pugatchóv, que reivindicava o trono russo passando-se pelo falecido tsar Pedro III, marido de Catarina II.

Publicado em 1836, meses antes da morte de Púchkin em um duelo, o livro é narrado por Piotr Grinióv, jovem militar que é enviado para uma remota fortaleza e se apaixona pela filha do comandante local, quando irrompe a rebelião liderada por Pugatchóv.

“A presente edição volta a reunir essas duas vertentes do gênio criativo de Púchkin. A filha do capitão — que singularmente teve uma recepção própria, com edições em séries de clássicos universais e livros de aventura, adaptações para o público infanto-juvenil e versões cinematográficas —, trazida ao leitor na consagrada tradução de Boris Schnaiderman, é complementada pelos dois primeiros capítulos daquela que é, provavelmente, a menos conhecida das criações de Púchkin, a História de Pugatchóv, obra até aqui inédita no Brasil”, escreve a especialista Barbara Baptista.

Considerado o maior poeta russo de todos os tempos e o iniciador da literatura russa moderna, Aleksandr Púchkin nasceu em Moscou, em 1799. Filho de aristocratas, estudou no Liceu de Tsarskoie Sieló.

Em 1820 publicou o poema épico nacionalista Ruslan e Liudmila, mas acabou sendo banido de Petersburgo em virtude de escritos políticos de tendência liberal. Exilado no Cáucaso, escreveu a peça Boris Godunov, lançada em 1831, e os primeiros capítulos do romance em versos Ievguêni Oniéguin, publicado em 1833.

Autorizado a voltar à capital em 1826, casa-se com a bela Natália Gontcharova e com ela passa a frequentar a corte, tornando-se amigo do tsar. Escreve então obras-primas da prosa como os Contos de Biélkin (1831), a novela A dama de espadas (1834) e o romance A filha do capitão (1836). Púchkin faleceu em 1837, dias após ser ferido em um duelo.

A filha do capitão
Aleksandr Púchkin
Trad. e notas: Boris Schnaiderman
Prefácio de Otto Maria Carpeaux
Editora 34
208 págs.
Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

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