Livro póstumo “achado” pela família de Carlos Heitor Cony, Paixão segundo Mateus chega ao público quatro anos após a morte do autor. O romance conta com prefácio de Marco Lucchesi, ex-presidente da ABL e que incentivou a publicação da obra.
A trama gira em torno da história do seminarista Mateus, desencantado com a vida religiosa, o que, em certa medida, remete às experiências pessoais do próprio Cony. Ao mesmo tempo em que o protagonista é apresentado na narrativa, investigações se desenrolam na polícia sobre uma mulher encontrada morta, estirada na calçada.
O leitor é conduzido então pelo mistério da relação entre o caso e o seminarista, e também por um passeio pela infância de Mateus em Vila Isabel, bairro tradicional do Rio de Janeiro; pelos escuros corredores de uma igreja pobre e abandonada; e pela própria Igreja como instituição. São disputas e intrigas que se desenrolam entre profano e sagrado, travadas por personagens marcados por infortúnios e desassossegos de corpo e alma.
Nascido no Rio de Janeiro, em 1926, Cony estreou na literatura ganhando por duas vezes consecutivas o Prêmio Manuel Antônio de Almeida, com os romances A verdade de cada dia e Tijolo de segurança.
Considerado um dos maiores expoentes do romance neorrealista brasileiro, Cony também se dedicou com sucesso a outros gêneros: da crônica aos ensaios, das adaptações de clássicos aos contos.
Trabalhou na imprensa desde 1952, ano em que entrou no Jornal do Brasil. Mais tarde foi para o Correio da Manhã, do qual foi redator, cronista e editor. Era colunista da Folha de S.Paulo e comentarista da rádio CBN quando faleceu, no início de 2018.