A partir da fotografia de um grupo de homens e duas mulheres, tirada num restaurante, em agosto de 1975, a protagonista de Os memoráveis, novo romance da portuguesa Lídia Jorge, inicia uma viagem de volta ao passado para entender de que país veio, de que povo faz parte e quais histórias pessoais a fizeram nascer e a constituem para sempre.
Ela, uma repórter portuguesa residente em Washington, é convidada a voltar à sua terra natal para fazer um documentário sobre a Revolução de 25 de abril de 1974, também conhecida como a Revolução dos Cravos. Regressa a Portugal, passa a entrevistar integrantes do movimento revolucionário e testemunhas dos acontecimentos, revisitando os mitos da revolução.
É aí que se surpreende com o efeito da passagem do tempo, não só sobre esses homens e mulheres e sociedade, mas também sobre a sua própria memória, sobre seus anos de infância e início de juventude — já muito depois de a revolução se tornar passado — e sobre a relação que tem com os pais, um jornalista português que antecipava o futuro em suas crônicas, e uma atriz belga.
Lídia Jorge tem uma vasta obra e é considerada um dos grandes nomes da literatura europeia contemporânea. Em 2020 tornou-se a quarta autora de língua portuguesa a receber o prêmio da Feira Internacional do Livro de Guadalajara. Escreveu, entre outros livros, os romances O dia dos prodígios (1980), O cais das merendas (1982) e A costa dos murmúrios (1988), adaptado para o cinema.