O clássico O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, ganha uma nova edição pela Civilização Brasileira. Com farto material de apoio, a edição traz posfácio inédito de João Silvério Trevisan, apresentação de Carlos Heitor Cony e comentário de Fabio Akcelrud Durão, professor de teoria literária da Unicamp.
O romance propõe reflexões sobre os limites do hedonismo, por meio do jovem e belo aristocrata Dorian Gray, de lorde Henry Wotton, seu mentor, e do artista Basil Hallward, que pinta o retrato que dá título ao livro. Por meio de um pacto demoníaco, Gray recebe a eterna juventude enquanto o retrato passa a traduzir sua vida de abusos.
O retrato de Dorian Gray foi publicado pela primeira vez em 1890 na revista Lippincott’s Monthly Magazine. Recebido com escândalo, chegou a ter passagens consideradas “indecentes”cortadas pelo editor. Foi lançado em livro no ano seguinte, com versão revista por Wilde, que excluiu alguns trechos e acrescentou um prefácio e sete capítulos. “Não há livros morais nem imorais. Os livros são apenas bem ou mal escritos”, escreveu no prefácio.
Residente em Londres e, à época, autor aclamado, Wilde viu sua reputação arruinada após a acusação de “sodomia” por parte do pai de seu amante. No julgamento, O retrato de Dorian Gray foi utilizado como prova de suas “tendências homossexuais”.
Condenado a dois anos de prisão e trabalhos forçados, Wilde caiu em ostracismo diante de uma sociedade intolerante a existências homoafetivas. Intelectual e artista refinado, buscou viver com a mesma paixão dedicada às suas criações. Faleceu prematuramente, falido e abandonado por amigos e familiares, que não suportaram o escândalo de sua condenação.