🔓 Matilde Campilho captura flashes da vida em “histórias mínimas”

Novo livro da poeta portuguesa, “Flecha” traz 200 histórias nascidas de outras histórias, de livros, pinturas ou fotografias
Matilde Campilho, autora de “Flecha”
13/07/2022

Trazendo uma série de microcontos, écfrases, memórias e “miniaturas”, Flecha (Histórias), da portuguesa Matilde Campilho, acaba de ganhar edição no Brasil pela Editora 34, que já lançou o trabalho poético da autora por aqui.

Publicado originalmente em Portugal, em 2020, Flecha vem nova roupagem. Algumas histórias saíram, duas outras entraram. Adaptou-se levemente a grafia e alguns vocábulos ao português brasileiro.

Além disso, como explica a autora no prefácio à edição brasileira: “Nesta nova edição há também a singularidade das ‘Pistas’: uma lista de coordenadas para os pontos reais a partir dos quais partem certas histórias. E porque muitas delas surgiram da imagem — pinturas ou fotografias —, agora há na parte final um conjunto de reproduções que de uma maneira ou de outra se ligam intimamente aos textos. A última modificação é esta: o ensaio que antes fechava o livro, agora abre-o. Nele é que pensei a ligação entre as histórias mínimas e o tempo, entre o aparentemente banal e o fundamental, entre o sonho e o tangível.”

Nas mais de 200 histórias do livro, há de tudo um pouco: histórias nascidas de outras histórias, de livros, pinturas ou fotografias; histórias inventadas e histórias escutadas pela própria autora. Crônicas de animais, de objetos, mas sobretudo de pessoas, indistintamente reais ou fictícias.

Matilde Campilho retrata tanto um imperador quanto uma vendedora de peixes, uma pétala ou um asteroide, flagrando em cada evento — grandioso ou banal — seu matiz peculiar de luz ou de sombra, seu grão de milagre ou de mistério.

“Os relatos guardam algo da flecha, que, depois de disparada, atravessa tempos e espaços, absorvendo o que encontra pelo caminho, ‘seja o cabelo de um homem, o gesto de uma mulher, ou alguma pedra ou açucareiro’. Mas também são como flashes: clarões breves, mas intensos, que nos permitem ver, por um instante, uma cena, uma paisagem, um movimento, uma pessoa, animal ou objeto. É como se só tivéssemos acesso a este único instante, a esta única e rápida visão”, escreve Veronica Stigger no texto de orelha de Flecha.

Em 2014, Matilde publicou em Portugal Jóquei, um livro de poemas, editado um ano mais tarde no Brasil pela Editora 34. Desde então escreve para várias publicações portuguesas e internacionais. É coautora e locutora de um programa de rádio semanal, o “Pingue Pongue”, em Lisboa, onde vive.

Flecha
Matilde Campilho
Editora 34
352 págs.
Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

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