Traumas e busca pela liberdade marcam o novo romance de Nara Vidal, cronista do Rascunho. Na história, a personagem que dá nome à obra é acusada desde criança de ter o diabo no corpo. O jeito que anda, a forma como se veste — roupas muito curtas, pernas aparecendo — e tudo que faz, afinal, indicam isso. Mesmo que mãe e avó insistam em julgá-la e submetê-la a processos para tirar o maligno do corpo da menina, Eva segue correndo solta pelas ruas. O passar do tempo, para piorar, não será muito mais gentil com a protagonista. Já adulta, longe da mãe (morta), experimenta as consequências de ter crescido em um lar controlador — os relacionamentos abusivos que vive espelham uma mente condicionada aos maus-tratos. Assim, em meio às amarras dolorosas e a um presente pouco agradável, a mulher tenta tomar as rédeas da própria vida. “Eva é um romance magistral sobre a perda, mas também sobre acúmulo de controle e violência que pode caber na relação entre mães e filhos e entre amantes”, anota a Todavia sobre a segunda narrativa de fôlego da autora mineira.