O intérprete de borboletas, novo romance de Sérgio Abranches que chega às livrarias no final de maio, faz um retrato da polarização e da intolerância que se infiltraram nas relações sociais e familiares, e da aparente impossibilidade de se conciliar opiniões. O Rascunho antecipou trecho do livro na edição de fevereiro, leia aqui.
O livro fala do tempo presente, onde se misturam relações partidas e emoções à flor da pele, e é estruturado a partir de dois núcleos familiares. Um deles é formado por uma menina entrando na adolescência e tentando se encontrar; a mãe, recém-convertida à religião, que não entende a filha e tenta moldá-la a seus novos padrões de comportamento; e o pai, mais compreensivo, que busca ajudar a filha e impedir rupturas definitivas na relação entre elas. O outro é composto de dois irmãos que passaram a se odiar por divergências políticas.
Os dois núcleos se misturam e ganham companhia de outros personagens e cenas do dia a dia das grandes cidades brasileiras, que despertam ações e reações que também suscitam discussões e podem terminar em tragédia: o grafiteiro que tenta reafirmar sua arte, um casal lésbico que busca demonstrar seu amor, um estudante que pede socorro dentro da própria escola, um assalto que pode dar errado.
Costurando toda a violência e polarização que tomaram conta do país está o personagem que dá título ao livro, um ex-preso político que hoje vive recolhido e isolado em um sítio, rodeado de borboletas, que busca resgatar a capacidade de se conviver com as diferenças.
Sociólogo e comentarista da rádio CBN, na série Conversa de Política, Sérgio Abranches é autor de No tempo dos governantes incidentais, Presidencialismo de coalizão: raízes e evolução do modelo político brasileiro (finalista do Prêmio Jabuti na categoria Ensaio/Humanidades), dos ensaios A era do imprevisto: a grande transição do século XXI (vencedor do Prêmio Literário Nacional PEN Clube do Brasil) e dos romances Que mistério tem Clarice? e O pelo negro do medo.