A água é uma máquina do tempo é o livro de estreia da artista visual Aline Motta, publicado pelas editoras Luna Parque e Fósforo. Entre palavra e imagem, entre arquivo e fabulação, o livro de poemas reúne diversas linguagens artísticas e reconfigura memórias ao se valer de uma percepção não-linear do tempo.
Construindo um mosaico fluido de épocas a partir de documentos históricos, a artista-escritora cruza diversos planos entre si, num percurso que passa pelo luto por sua mãe e vai até o Rio de Janeiro de fins do século 19, através dos fragmentos que reconstroem as vidas de Ambrosina e Michaela, antepassadas da autora.
Ao aliar criação e pesquisa, Aline Motta expõe as várias formas de rasura que a herança colonial impõe à nossa história. “No afã de dar corpo a esse ‘tentar narrar’ o talvez inenarrável — as lacunas, fendas, dobras, os invisíveis liames, os desvãos da história —, Aline nos oferta uma obra que, em suas palavras, resulta de um processo de criação tão obsessivo e extenuante que bem pode ser definido como uma espécie de possessão”, escreve o poeta Ricardo Aleixo, que assina texto de orelha do livro.
Nascida em 1974, em Niterói (RJ), Aline Motta vive atualmente em São Paulo. Combina diferentes técnicas e práticas artísticas em seu trabalho, como fotografia, vídeo, instalação, performance e colagem.