Publicado pela primeira vez em 1965, Os três estigmas de Palmer Eldritch, do americano Philip K. Dick, ganha nova edição no Brasil, desta vez pela Aleph. A obra finaliza a série de relançamentos do escritor com capas ilustradas por Rafael Coutinho e projeto gráfico assinado por Giovanna Cianelli.
Indicada ao Prêmio Nebula de Melhor Romance, uma das principais premiações da ficção científica, a narrativa explora um futuro em que a humanidade colonizou outros planetas e trabalhadores usam drogas para suportar a realidade.
É uma das primeiras vezes que Philip K. Dick, conhecido por suas histórias que questionam a natureza da realidade, explora temas religiosos em uma obra.
Mudanças climáticas
Apesar de ter sido escrito há quase seis décadas, o livro aborda temas que permanecem atuais: as mudanças climáticas que devastaram a Terra em um 2016 fictício, a exploração que leva trabalhadores a buscarem alienação, as promessas questionáveis de figuras messiânicas.
Seguindo a tendência de suas outras obras, Dick apresenta um universo em que a própria realidade é instável e que propõe reflexões das mais diversas a todos os seus leitores.
As mudanças climáticas tornaram a vida na Terra insustentável. O planeta está superaquecido e por isso os cidadãos são enviados compulsoriamente às colônias marcianas, condenados a viver em isolamento e sem perspectivas de voltar à sociedade que conheciam.
Na tentativa de sobreviver ao tédio e à situação miserável em que se encontram, boa parte dos colonos passa a depender da Can-D, uma droga alucinógena que permite ao usuário viver temporariamente em uma realidade alternativa. Porém, o surgimento de um concorrente abre uma disputa por esse mercado. Chamada Chew-Z, a nova substância promete cumprir a maior de todas as promessas: vida eterna.
Os três estigmas de Palmer Eldritch é um livro emblemático de Dick, por seu profundo questionamento da condição humana e da verdadeira natureza da realidade, traços que se tornaram marcas da obra do autor americano.
Embora não tenha tido o justo reconhecimento em vida, várias de suas obras tornaram-se conhecidas ao serem roteirizadas e transformadas em grandes sucessos do cinema, como o clássico Blade Runner. Autor de mais de cento e vinte contos e trinta e seis romances, Philip K. Dick morreu em 1982, aos 53 anos, em decorrência de um acidente vascular cerebral.