Na peça A morte e a donzela, lançada pela Carambaia, Ariel Dorfman elabora três atos para analisar as atrocidades cometidas no Chile dominado por Pinochet, a partir de 1974, e os desdobramentos desse período sangrento da América Latina.
Uma vítima da ditadura, Paulina Salas, um e de seus algozes — o médico Roberto Miranda — e o advogado Gerardo Escobar, marido da que mulher que foi presa e violentada durante o regime de Pinochet, são os personagens centrais da obra.
“Nem por um instante perdi o interesse pela ação, que se desenvolve em mais de um nível e levanta mais de uma questão”, anota Elie Weisel, vencedor do Nobel da Paz de 1986, no prefácio. “Loucura e memória, vingança e amor, justiça e perdão: temas que dominam nossa geração, que tem convivido com eles na Europa e no Chile, e que é o enquadramento dos protagonistas e de seu simbolismo.”
Ariel Dorfman nasceu na Argentina, em 1942, e viu o Chile ser desmantelado de perto: foi assessor cultural do presidente Salvador Allende, deposto pelo golpe de Pinochet. A morte e a donzela, uma de suas peças de maior sucesso, foi levada ao cinema por Roman Polanski em 1994 e encenada no Brasil, com direção de José Wilker, no ano anterior.