Um dos mais importantes pensadores do século 20, Albert Camus discute a pena de morte, em especial a execução por meio da guilhotina, no ensaio Reflexões sobre a guilhotina, pela primeira vez publicado no Brasil em edição da Record.
Em 1914, o pai de Camus, descrito como um homem bom, comparece a uma execução pública. Após a decapitação do assassino, considerada por muitos uma pena “suave demais” por conta de seus crimes, ele volta para casa em choque, em completo silêncio, passa mal e vomita.
Esse é o ponto de partida do ensaio em que o autor tece críticas a qualquer argumento em defesa da pena capital, que foi usada na França até 1977, menos de 50 anos atrás. O livro tinha sido publicado juntamente com ensaios de outros dois autores sobre o tema em 1957, ano em que Camus recebeu o Prêmio Nobel de Literatura.
Para o escritor, em uma sociedade dessacralizada não pode haver uma pena definitiva. Além disso, Camus argumenta que, para se acreditar que a morte na guilhotina teria um caráter exemplar, seria preciso partir do pressuposto de que a morte de um criminoso condenado num processo judicial, sujeito a falhas, impediria crimes que poderiam nunca ser cometidos. Ou seja, mata-se uma pessoa por uma hipótese.
Albert Camus já vendeu quase 500 mil livros no Brasil. Reflexões sobre a guilhotina tem prefácio de Manuel da Costa Pinto, especialista na obra do autor, mostrando como a pena de morte foi tratada em outros livros de Camus.