Em março a Todavia publica o primeiro romance do poeta cearense Tito Leite, chamado Dilúvio das almas. Leite, que é monge beneditino, é autor dos livros de poesia Digitais do caos (2016) e Aurora de cedro (2019).
No romance, o personagem Leonardo volta ao Nordeste, a Dilúvio das Almas, sua cidade natal, depois de muitos anos vivendo de todas as formas e por variados meios em São Paulo. É um sujeito relativamente culto, que viveu na grande cidade e então dispõe de algumas referências e ferramentas para enxergar o mundo, sendo dono de um temperamento artístico.
Em sua trajetória há um pouco de tudo: privação material e boêmia, caminhadas solitárias e grandes amizades, receio de reencontrar o próprio passado e uma boa dose de coragem.
O retorno ao sertão semiárido, contudo, está longe de ser idílico: a violência e a ignorância — concretas e simbólicas — que o fizeram migrar para outras paragens, continuam ali, apenas com personagens renovados e algumas pequenas modificações no enredo.
Ele mesmo se vê novamente engolfado pela brutalidade e por antigas e persistentes rixas. Isso fará com que repense não apenas sua decisão de retornar, mas de reestabelecer antigos laços. O resultado disso é, como muitas vezes ocorre, convulsivo: Leonardo vai precisar chegar a medidas extremas para assegurar a própria integridade física naquele cenário permanentemente conflagrado.