🔓 Jornalista reconstitui histórias sobre primeiro disco de Nara Leão

Parte da coleção “O Livro do Disco”, “Nara Leão: Nara — 1964”, escrito pelo pesquisador Hugo Sukman, esmiuça o álbum que deu voz à canção de protesto
A cantora Nara Leão, “musa” da Bossa Nova
27/01/2022

Desde 2014, a coleção “O Livro do Disco”, da editora Cobogó, apresentar, e livro, reflexões musicais sobre álbuns essenciais, brasileiros e estrangeiros. O mais recente título da coleção se debruça sobre um marco da MPB.

Nara Leão: Nara — 1964, escrito pelo jornalista e pesquisador Hugo Sukman, reconstitui o momento histórico em que o álbum Nara foi gravado, quando a cantora tinha apenas 22 anos.   

No disco, a “musa” rompia com a Bossa Nova para dar voz ao samba e à canção de protesto, valorizando compositores como Zé Keti, Nelson Cavaquinho e Cartola. Mobilizada pela profundidade social do samba do morro, Nara realizou um trabalho, acima de tudo, político.

“Esse primeiro disco, para mim, foi falar de uma coisa que eu achava muito importante, falar dos problemas brasileiros. Eu tinha muito a ideia de reportagem musical, mostrar ao pessoal de Copacabana o que o morro faz, uma coisa de reportagem mesmo”, contou Nara.

É possível contar boa parte da história da música brasileira a partir do LP, peça-chave para o entendimento daqueles tempos. “Cada uma de suas músicas narra um pouco da história daquela época, cada canção tem uma história. E todas elas se juntam para formar um painel da música brasileira no período”, explica Hugo Sukman.

O disco
Na faixa O sol nascerá, de título tão simbólico, Nara, além de reapresentar Cartola, lançava Elton Medeiros; Zé Keti ressurgia como compositor, ao lado de Hortêncio Rocha, em Diz que vou por aí; Luz negra, de Nelson Cavaquinho, ganhava sua primeira versão com letra (de Amâncio Cardoso); e Edu Lobo, antes de ser consagrado pelas interpretações de Elis Regina, aparecia em duas parcerias com Ruy Guerra (Canção da terra e Réquiem para um amor). Além disso, Vinicius de Moares vinha com três canções: dois marcantes afro-sambas em parceria com Baden Powell (Berimbau e Consolação) e Marcha da Quarta-Feira de Cinzas, com Carlos Lyra.

Nas palavras de Caetano Veloso, Nara Leão foi uma das responsáveis por iniciar “o movimento de politização da moderna canção brasileira pós-bossa nova: era, por um lado a força dos temas sociais que se impunha, por outro, a força da música popular brasileira, essa onda imensa que já vem de lá de trás e que não pode deixar de arrastar tudo…”

Nara Leão: Nara – 1964
Hugo Sukman
Cobogó
224 págs.
Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

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