A recepção da Semana de Arte Moderna de 1922, na no momento em que ela aconteceu, é o foco de É apenas agitação: A semana de 22 e a reação dos acadêmicos nas célebres entrevistas de Peregrino Júnior para O Jornal, livro da pesquisadora Nélida Capela que a editora Telha acaba de publicar.
Revolucionária para uns, incapaz de trazer mudanças bruscas na visão de outros, a Semana de Arte Moderna marcou o início do Modernismo na arte brasileira. À época, o editor do periódico O Jornal, Peregrino Júnior, entrevistou dez grandes nomes da nossa literatura e trouxe mais visibilidade sobre a opinião particular de cada escritor sobre o movimento.
Nélida Capela, mestre em Teoria Literária pela PUC-Rio, reúne essas conversas em É Apenas Agitação e inclui análises sobre os acontecimentos da época e seus desdobramentos. Todas as dez entrevistas analisadas foram feitas com nomes pertencentes à Academia Brasileira de Letras.
Destacam-se Coelho Neto — talvez o mais famoso à época —, João Ribeiro, Silva Ramos, Laudelino Freire, Cláudio de Souza e Medeiros e Albuquerque. Cada um deles, à sua maneira, enxergavam a Semana de Arte Moderna como uma agitação que não daria resultados, uma imitação do que acontecera na Europa. Já os mais eufóricos achavam que o movimento era auspicioso, que gozava de boas intenções e que poderia, sim, movimentar as letras nacionais.
É apenas agitação traz um misto de reconstituição da cena literária, retrato de época e crítica cultural, juntamente com a reflexão crítica da autora, que analisa e contextualiza a fala dos escritores.