Lançado originalmente em Portugal, em 2015, Esse cabelo, a obra de estreia da portuguesa (nascida em Angola) Djaimilia Pereira de Almeida, ganha uma nova edição no Brasil, agora pela Todavia — o livro havia sido lançado aqui em 2017, pela Leya. Apontada como uma das autoras mais originais dos últimos tempos na literatura de língua portuguesa, Djaimilia escreveu um romance que dialoga diretamente com o romance pós-colonial, o ensaio de identidade, a autoficção e a tragicomédia.
“A verdade é que a história do meu cabelo crespo intersecta a história de pelo menos dois países e, panoramicamente, a história indireta da relação entre vários continentes: uma geopolítica”, diz Mila, a narradora de inspiração autobiográfica de Djaimilia Pereira de Almeida.
Nascida em Luanda, assim como a autora, Mila é filha de mãe negra angolana e pai branco português. Chega a Lisboa com a tenra idade de três anos e sente-se uma forasteira desde o início. É pela lente do seu cabelo indomavelmente cacheado que a história de Mila entrelaça memórias de infância e adolescência, história familiar e reflexões sobre o tenso equilíbrio — interno e externo — de uma identidade europeia e africana.
Escrito num estilo que mescla a fabulação romanesca com o ensaio, a crônica, o manifesto e a comédia cultural, Esse cabelo se insere em um diálogo global cada vez mais crescente sobre racismo, feminismo, colonialismo e independência.
Nascida em Luanda, em 1982, Djaimilia Pereira de Almeida é autora de Luanda, Lisboa, Paraíso, livro vencedor do Prêmio Oceanos em 2019, A visão das plantas (segundo lugar no Prêmio Oceanos 2020) e Maremoto, entre outros.