LyzA escritora e tradutora Lya Luft morreu na madrugada de quinta-feira (30), em Porto Alegre. Ela tinha 83 anos e faleceu em casa. Lya lutava há 7 meses contra um melanoma, descoberto já com metástase. Ficou internada, mas pediu para ir para casa antes do Natal.
“Comunico falecimento da Lya Luft, nossa escritora do ano, nesta madrugada. Nossa homenagem chegou em tempo e trouxe alegria aos seus últimos dias”, disse em nota o presidente da Academia Riograndense de Letras, Rafael Bán Jacobsen.
Com 31 títulos publicados e vários prêmios ao longo da carreira, Lya escreveu nos mais variados gêneros: romances, poemas, contos, crônicas, ensaios, infantil e livro de memórias. Best-seller, emplacou vários sucessos nos últimos 20 anos, como Perdas e ganhos e Pensar é transgredir. Sua última publicação foi As coisas humanas, lançado no ano passado.
Filha de descendentes alemães, foi incentivada pelos pais a desenvolver o hábito da leitura ainda na infância. Era mestre em Linguística e Literatura Brasileira, foi professora universitária e colunista das principais publicações jornalísticas brasileiras.
Lya Fett nasceu em Santa Cruz do Sul em 15 de setembro de 1938. Filha de descendentes germânicos, aprendeu o alemão e, aos 11 anos, já decorava poemas de Goethe e Schiller. Na PUCRS, Lya concluiu o curso de Letras Anglo-germânicas, em 1963.
Ela ainda faria dois mestrados, um em Linguística, também na PUCRS, em 1975, e outro em Literatura Brasileira, na UFRGS, em 1978. Entre 1969 e 1982, atuou como professora de Linguística na Faculdade Porto-Alegrense (FAPA), mas deixou de lecionar quando a carreira de escritora deslanchou.
A estreia como romancista se deu em 1980, com As parceiras. O sucesso de crítica e público só cresceu ao longo dos anos e a escritora superou a casa de mais de um milhão de livros vendidos.
Um dos seus maiores sucessos, Perdas e danos, misto de ensaios e memórias, foi lançado pela Editora Record em 2003 e editado em diversos países, entre eles Reino Unido, França, Alemanha, Dinamarca, Holanda, Portugal e Espanha. Ganhou também uma adaptação para os palcos em montagem encenada por Nicette Bruno.
Lya também se dedicou paralelamente ao ofício de tradutora de alemão e inglês e verteu para o português obras de Virginia Woolf, Hermann Hesse e Thomas Mann e Stephen Zweig.
Como cronista, contribuiu para diversos veículos de imprensa, como a revista Veja e o jornal Zero Hora. Foi casada com o linguista, filólogo e dicionarista brasileiro Celso Luft, com quem teve três filhos, e com o psicanalista Hélio Pellegrino.