Antônio Maria foi um dos mais prolíficos cronistas brasileiros do século 20. Mas ele permaneceu um autor inédito em livro enquanto esteve vivo. Agora a editora Todavia reúne na antologia Vento vadio, 185 textos do jornalista pernambucano, a grande maioria inédita.
Concebida e organizada pelo escritor e pesquisador Guilherme Tauil, a antologia ajuda a colocar Antônio Maria no panteão dos clássicos da crônica nacional, ao lado de Rubem Braga, Fernando Sabino e Paulo Mendes Campos, entre outros grandes nomes.
Radialista, compositor de inúmeros clássicos da música popular, comentarista esportivo e cronista, Maria foi uma das figuras mais atuantes na cultura brasileira das décadas de 1950 e 1960. Além disso, era um boêmio incorrigível.
Entre crônicas sobre a noite carioca, os amigos e as agruras de amores reais e impossíveis, descortina-se um outro Maria, pouco entrevisto nas seleções produzidas depois de sua morte: sua origem numa rica família pernambucana que perdeu tudo com a inevitável falência dos engenhos e o preconceito com nordestinos naquele Rio de Janeiro, então capital política e cultural do país.
Matéria subjacente às crônicas, como apresenta Tauil em seu texto de introdução, foi também a questão racial. Único afrodescendente entre os cronistas mais célebres da época, era chamado pejorativamente de “mulato” pelos seus desafetos.