Após estrear na não ficção com Desterros (2017) e praticar a forma breve com Rachaduras (2019), finalista do Prêmio Jabuti, a psiquiatra e escritora paulistana lança seu primeiro romance. Em Copo vazio, mulheres abandonadas estão no centro da história, em uma manobra que acena para personagens como Medeia e Dido. Na narrativa de Natalia, Mirela é uma mulher inteligente e bem-sucedida que se apaixona por Pedro. Se inicialmente o que ela experimenta é a “felicidade insuportável”, como definiria Clarice Lispector, o que se sucede é um desmoronamento emocional, no que as dúvidas tomam conta da protagonista. “A mera tentativa de entender como chegou até aquele instante, de olhar em volta — as prateleiras, o carrinho com as duas caixas de sabão em pó, a música de fundo do supermercado: a realidade —, deixará evidente que o ar está espesso porque terá passado a existir. A presença daquele homem”, diz um trecho da obra.