No romance Tchevengur, em pré-venda pela Ars et Vita, o russo Andrei Platônov (1899-1951) elabora uma cidade na qual personagens ultrarrevolucionários concebem o “paraíso” comunista imaginado pela União Soviética.
Na história, ambientada na década de 1920, o filho de um suicida e o líder Stepán Kopienkin, acompanhado por sujeitos da força proletária, percorrem o país em busca do utópico éden igualitário — e acabam encontrando a cidade que dá nome à obra, onde “seres humanos belos e possessos concebem o inconcebível”, conforme descrição da editora.
De acordo com o filósofo esloveno Slavoj Zizek, “Platônov é o maior escritor russo/soviético do século 20. Ele viu a aterrorizante dimensão niilista mesmo antes do stalinismo”. O romance, escrito entre 1927 e 29, só foi publicado integralmente em 1988 e demonstra, pelo discurso dos personagens, as contradições do regime.
Andrei Platônov nasceu em Voronezh, na Rúsia, em 1899. Filiou-se ao Partido Comunista por um breve período, tendo sido expulso devido às críticas que fez aos “revolucionários oficiais”. Publicou alguns livros em vida, como Eletrificação e A profundeza azul, mas só foi melhor reconhecido postumamente. Morreu em 1951.