A Academia Sueca cumpriu a promessa de estender o “alcance geográfico” do Nobel de Literatura e concedeu nesta quinta-feira (7) o prêmio a Abdulrazak Gurnah, escritor nascido na Tanzânia, país localizado na África Oriental.
O comunicado oficial diz que Gurnah foi escolhido por conta de sua obra “de penetração intransigente e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino do refugiado no abismo entre culturas e continentes.” A questão dos refugiados é o principal tema de seus livros.
Desconhecido no Brasil, Gurnah nasceu em 1948 e cresceu na ilha de Zanzibar, chegando à Inglaterra na década de 1960 como refugiado. O romancista começou a escrever aos 21 anos de idade e publicou dez livros.
Nenhum escritor africano negro ganhou o prêmio desde Wole Soyinka, em 1986. Este ano, o prêmio para cada uma das categorias do Nobel é de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,1 milhões). A vencedora em 2020 foi a americana Louise Glück.
Anders Olsson, presidente do comitê do Nobel, disse ao jornal inglês The Guardian que os romances do escritor tanzaniano, desde sua estreia com Memory of departure, sobre uma revolta fracassada, até seu mais recente, o “magnífico” Afterlives, vão contra “descrições estereotipadas e abrem nosso olhar para uma África Oriental culturalmente diversificada, desconhecida para muitos em outras partes do mundo”. Pilgrims way (1988), Dottie (1990) e Paradise (1994) são outros de seus livros. Nenhum deles publicado no Brasil.
Afterlives, mais recente livro de Gurnah, de 2020, conta a história de um garoto que foi roubado de seus pais pelas tropas coloniais alemãs quando menino e retorna à sua aldeia após anos lutando em uma guerra contra seu próprio povo.
“No universo literário de Gurnah, tudo está mudando — memórias, nomes, identidades. Isso provavelmente ocorre porque seu projeto não pode chegar à conclusão em nenhum sentido definitivo ”, disse Olsson.