Após consolidar seu nome como romancista, com títulos como Com armas sonolentas (2018), O inventário das coisas ausentes (2014) e Paisagem com dromedário (2010), a colunista do Rascunho faz sua estreia na produção mais focada em não ficção, apesar de também trazer alguns esboços de fabulação. O conjunto, além de estar permeado por reflexões acerca do trabalho de nomes como Carolina Maria de Jesus, Hilda Hilst e Clarice Lispector, se debruça sobre alguns temas muito debatidos na atualidade: fim do mundo, ancestralidade, a ascensão da extrema direita, aumento da miséria e a produção ficcional de mulheres e indígenas. Antes de tudo, no entanto, o que parece guiar o conjunto é uma série de interrogações que desconfia, ou ao menos problematiza, a capacidade que a própria escrita tem de lidar com os problemas da realidade. “O que pode a literatura em um mundo em colapso?” é uma delas, e também é o que Carola tem explorado com frequência na coluna Conversas flutuantes, veiculada mensalmente no jornal.