A nova tradução de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, para o inglês, publicada pela Penguin, foi celebrada pelo crítico John Self no jornal britânico The Guardian. Traduzido pela norte-americana Flora Thomson-DeVeaux, o livro reavivou o sucesso do escritor brasileiro no exterior, tendo a tiragem esgotada no site da Amazon dias depois do lançamento, em meados de 2020.
Para Self, a nova edição, que ganhou o título The Posthumous Memoirs of Brás Cubas, “é a oportunidade perfeita para se reaproximar das delícias de um livro escrito com ‘a pena da alegria e a tinta da melancolia’, ou para descobri-lo pela primeira vez.”
O crítico assinala ainda que “descrever o enredo é quase fútil”, tamanha a destreza narrativa de Machado. “Memórias póstumas contém toda a comédia humana em 160 capítulos muito curtos.” A edição da Penguin ainda traz texto de introdução do romancista americano Dave Eggers.
Lançado há 140 anos, em 1881, Memórias póstumas de Brás Cubas é um marco na obra de Machado e na literatura brasileira. O livro é considerado a transição do romantismo para o realismo. Num primeiro momento, a prosa fragmentária e livre de Memórias póstumas, misturando elegância e abuso, refinamento e humor negro, causou estranheza, inclusive entre a crítica. Com o tempo, no entanto, o defunto autor que dedica sua obra ao verme que primeiro roeu as frias carnes de seu cadáver tornou-se um dos personagens mais populares da nossa literatura.