Publicado em 1912, o breve romance Gente rica: cenas da vida paulistana, assinado por José Agudo, pseudônimo de José da Costa Sampaio (1868‐1923), volta às livrarias em edição da editora Chão. O livro é uma sátira impiedosa à elite paulistana e expressivo exemplo da literatura belle époque de São Paulo. A edição conta ainda com posfácio da professora Walnice Nogueira Galvão.
Dividido em cenas, o romance é protagonizado pelos amigos Leivas Gomes e Juvenal Leme, figuras caricaturais que representam o estilo de vida dos poderosos. Empreendedor típico, Leivas enriqueceu graças à inteligência e ao oportunismo. Já Juvenal é paulista da gema, vive confortavelmente de rendas e descende de famílias de bandeirantes e militares. Alter ego do autor e hábil conversador, não perde oportunidade de disparar tiradas irônicas e extravagantes.
O cenário é uma São Paulo que rapidamente se moderniza, com o início do declínio da República Velha. Os personagens circulam pelo centro da cidade, mais especificamente pelo chamado Triângulo, ao lado de jovens janotas, fazendeiros de café, advogados, médicos, políticos e estudantes de direito: vão ao cinema, frequentam a Casa Garraux, as rotisseries Sportsman e Castelões, o Teatro Santana. Tomam café e confabulam no Guarany, avistam o Theatro Municipal recém‐inaugurado e o viaduto Santa Ifigênia em construção.
Gente rica: cenas da vida paulistana é uma das muitas manifestações do pré‐modernismo que, de acordo com a crítica literária Walnice Nogueira Galvão, ficaram um tanto ofuscadas pelo fulgor da Semana de Arte Moderna de 1922.
José Agudo, pseudônimo de José da Costa Sampaio (1868‐1923), nasceu em Portugal e viveu em São Paulo até sua morte. Professor da Escola de Comércio Álvares Penteado, foi um dos principais cronistas da belle époque paulistana. Publicou sete romances, entre eles, Gente audaz, Amor moderno: cenas sobre a vida paulistana e A pedra que fala.