Na concentração

Entrevista com William Machado De Oliveira
William Machado De Oliveira
01/02/2010

William Machado De Oliveira nasceu em Belo Horizonte (MG), em 1976. Atualmente, é zagueiro e capitão do Corinthians, time que defende desde 2008, e pelo qual foi campeão da série B (2008), vice-campeão da Copa do Brasil (2008), campeão paulista (2009) e campeão da Copa do Brasil (2009). Também foi campeão mineiro pelo Ipatinga (2006), campeão gaúcho e vice-campeão da Libertadores pelo Grêmio (2007). Entre os vários outros clubes que defendeu estão o América-MG e a Portuguesa. Fã de livros, numa entrevista recente ao site Livraria da Folha, William compôs e ofereceu, aos leitores do veículo, uma lista de leituras indispensáveis: A casa dos budas ditosos, de João Ubaldo Ribeiro; As mentiras que os homens contam e O clube dos anjos, de Luis Fernando Verissimo; A divina comédia, de Dante; Feliz ano velho, de Marcelo Rubens Paiva; Investimentos: como administrar melhor o seu dinheiro, de Mauro Halfeld; Livro de sonetos, de Vinicius de Moraes; O futuro da humanidade, de Augusto Cury; Ramsés, de Christian Jacq; e Senhora, de José de Alencar.

• Na infância, qual foi o seu primeiro contato com a palavra escrita?
Meus pais compravam livros educativos. E minha mãe, que era dona de casa, sempre incentivava, a mim e a minha irmã, para brincarmos com eles.

• De que forma a literatura apareceu na sua vida?
Uma tia comprava vinis de histórias infantis. Nós as ficávamos ouvindo e acompanhando nos livros: Os três porquinhos, Branca de Neve, etc. Li também muitas histórias em quadrinhos. Fazia até coleção.

• Hoje, que espaço a literatura ocupa no seu dia-a-dia?Sempre trago um livro comigo. Toda vez que tenho que esperar para fazer alguma
coisa, aproveito para ler. Mesmo assim, não me sobra muito tempo para a leitura no dia-a-dia. Aproveito mais nas viagens e concentrações.

• A leitura e a literatura influenciam seu método de trabalho? Algum tipo de leitura pode aprimorar a técnica de um jogador de futebol? Como?
Acredito que a leitura e alguns tipos de literatura podem influenciar nosso comportamento e nossa visão sobre o esporte, inclusive sobre o futebol. Livros de atletas de sucesso nos permitem saber como eles são determinados, disciplinados, dedicados ou confiantes, mesmo passando por momentos difíceis. Esses livros nos fazem entender que a repetição, os treinamentos constantes, aprimoram a técnica.

• Os jogadores de futebol lêem muito pouco hoje em dia? Por quê?
Não só jogadores, o brasileiro lê muito pouco. Os governos nunca incentivaram a educação de verdade. E ler passa um pouco pelas escolas. Em casa, os pais devem incentivar a leitura, mas bons professores têm um poder de influência muito grande. Os jogadores melhoraram muito de duas décadas para cá. Contudo, apesar de ver mais jogadores lendo, a importância que eles dão ao conhecimento, como a maioria dos brasileiros faz, ainda é pequena.

• Você possui uma rotina de leituras? Como escolhe os livros que lê?
Geralmente leio mais em viagens, aviões e hotéis. Leio muitos livros por indicação de amigos, e também de revistas ou jornais, citados em alguma reportagem ou por algum colunista.

• Você percebe na literatura uma função prática?
Evidente. Lendo, eu absorvo mais conhecimento. Com mais conhecimento, eu posso melhorar meu nível de vida, o das pessoas e o do mundo em que vivo.

• Que tipo de literatura lhe parece absolutamente imprestável?
Penso que o que pode ser imprestável para mim, hoje, pode não ser amanhã. Tenho certa ressalva contra livros de auto-ajuda, que trazem fórmulas prontas para se alcançar o sucesso. Já li alguns que até ensinam algumas coisas. Mas não leio muitos.

• Quais são seus livros e autores prediletos?
Difícil. Acho que serei injusto com muitos autores. Mas citarei alguns que li e de que gosto muito. Porém, certamente, esquecerei vários. O futuro da humanidade, de Augusto Cury; Ramsés, de Christian Jacq; quase todos de Paulo Coelho; muitos de Sidney Sheldon; Agatha Christie; Livro dos sonetos, de Vinicius de Moraes; Bazar de ritmos, de J. G. de Araújo Jorge; O código da Vinci, de Dan Brown; Cestas sagradas, de Phil Jackson; Zico conta a sua história, de Arthur Antunes Coimbra; Vale tudo, de Nelson Motta; O estudante, de Adelaide Carraro; e Feliz ano velho, de Marcelo Rubens Paiva. Vou lembrando e não paro (risos).

• Que personagem literário mais o acompanha vida afora?
Ramsés II. O faraó que por mais tempo governou o Egito. Muito interessante aquela civilização.

• Que livro os brasileiros deveriam ler urgentemente? E o que você indicaria aos jogadores de futebol?
O futuro da humanidade e A ditadura da beleza e a revolução das mulheres. Ambos são romances do Augusto Cury.

• Como formar um leitor no Brasil?
Incentivando a leitura desde os primeiros anos, com livros de desenhos e histórias infantis, quadrinhos. Os pais têm que gostar de ler também. Fica difícil incentivar os filhos a fazer uma coisa que os pais não têm o hábito de fazer.

Luís Henrique Pellanda

Nasceu em Curitiba (PR), em 1973. É escritor e jornalista, autor de diversos livros de contos e crônicas, como O macaco ornamental, Nós passaremos em branco, Asa de sereia, Detetive à deriva, A fada sem cabeça, Calma, estamos perdidos e Na barriga do lobo.

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