Para escrever as reportagens reunidas em Dez dias num hospício, lançado pela Fósforo, Nellie Bly (1864-1922) — pioneira do jornalismo investigativo — se infiltrou no “asilo de lunáticos de Blackwell’s Island”, em Nova York, no século 19.
Em um conjunto que segue atual ao denunciar os abusos e absurdos cometidos em manicômios, a norte-americana de 23 anos enganou médicos, policiais e juízes para ter acesso à incompetência desse local que deveria cuidar das pessoas mentalmente fragilizadas.
“Desde o momento em que entrei no hospício da ilha, não fiz nenhum esforço para me manter no suposto papel de louca. Falei e agi exatamente como faço no meu dia a dia. Por incrível que pareça, quanto mais eu agia e falava com lucidez, mais louca me consideravam”, descreve a autora, que foi convidada pelo jornal World para fazer o relato.
Nellie Bly — pseudônimo de Elizabeth Cochran Seaman — nasceu em 1864, nos Estados Unidos. Foi jornalista, presidente de uma indústria siderúrgica e registrou 25 patentes de vários produtos, conforme informações de Patrícia Campos Mello no prefácio. Morreu em 1922, tendo conquistado o status de celebridade, em Nova York.