O sangue escorre do nariz do redator publicitário amargurado, vestido diariamente com sua calça jeans e camiseta. Assim começa o romance de estreia de Felipe Attie, Morrendo oito horas por dia, lançado em edição do autor.
Na narrativa, o homem que sente vergonha do próprio reflexo está desiludido com sua profissão, que consiste em vender esperança criada em Photoshop. “Toda agência de publicidade é repleta de amargura e infelicidade”, anota.
“Alcoólatras, aspiradores de cocaína, viciados em analgésicos, gente frustrada que gasta fortunas com prazer instantâneo. Aqui é o lugar onde pintores viram designers, escritores viram redatores, músicos viram compositores de jingles e assim por diante.”
Nada nunca está tão ruim que não possa piorar, é claro. Além da rotina que não lhe dá mais nenhum prazer, o personagem vai lidar com um pé na bunda da noiva e, finalmente, entregar-se às mulheres da noite — com as quais se aprende coisas que não foram ensinadas na escola — e aos mais variados tipos de abusos.
“O Felipe é meu amigo, então sou suspeito para falar o quanto me deliciei lendo sua estreia na literatura com esse romance que não sei o que tem de autobiográfico e o que tem de ficção. Melhor não saber, e talvez nem ele saiba (assim espero, secretamente)”, diz o cartunista e artista plástico Allan Sieber sobre a obra.
Felipe Attie nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 1984. Segundo o autor, os dez anos em que atuou como redator publicitário foram os mais tristes da sua vida. Hoje, escreve ficção, é cartunista e tatuador.