A Grua acaba de publicar o romance Lar em chamas, da paquistanesa Kamila Shamsie. O livro venceu o britânico Women’s prize for fiction em 2018. Sombras marcadas, seu primeiro livro publicado no Brasil, que saiu pela Companhia das Letras, havia sido finalista do prêmio Orange de 2009.
Lar em chamas conta a história de Isma. Aos 19 anos, com a morte da mãe, passou a olhar pelos irmãos menores, os gêmeos Aneeka e Parvaiz, muito ligados entre si. Ingleses muçulmanos de ascendência paquistanesa, eles moram na periferia de Londres. As irmãs usam hijab, um lenço ao redor da cabeça que cobre as orelhas, pescoço e o cabelo.
Aos 28 anos, Isma decide pela realização de seu projeto pessoal e se muda para cursar doutorado nos Estados Unidos. A bela e irriquieta Aneeka, então com 19 anos, estuda direito com bolsa de estudos na prestigiosa LSE. Parvaiz, que trabalha como ajudante em uma quitanda e com um gravador sai a recolher os sons do mundo, é recrutado pelo Estado Islâmico. Sai em busca do legado daquele pai ausente que não conheceu, um jihadista que morreu enquanto era transportado a Guantanamo, prisão norte-americana na ilha de Cuba.
Nos Estados Unidos, Isma trava amizade com Eamonn, filho do parlamentar britânico Karamat Lone, que se torna Ministro do Interior. Karamat vive o conflito interno entre sua origem e sua ocidentalização e britanismo autoimposto, que considera seu legado. De volta a Londres, Eamonn leva uma encomenda para a família de Isma e conhece Aneeka, por quem fica completamente encantado.
Nacionalismo e cidadania são um privilégio, não um direito de nascença, nesta história em que se acompanha não apenas a devastação de duas famílias, mas também tocantes histórias de amor incondicional e sacrifícios. Entre irmãos, entre pai e filho, entre amantes.
Kamila Shamsie nasceu em Karachi, no Paquistão, em 1973. É autora de sete romances, entre eles In the city by the sea, Kartography, Salt and saffron, Broken verses e Burnt shadows — este último traduzido para o português como Sombras marcadas, finalista do prêmio Orange de 2009. O livro foi definido por Salman Rushdie como “um romance cativante, que pede do leitor uma vigorosa reação intelectual e emocional”. Shamsie vive em Londres e é colaboradora do jornal The Guardian.