Nesta quinta (29) e sexta-feira (30), acadêmicos, tradutores e escritores vão se reunir em um evento que vai debater e celebrar os 20 anos da publicação de Eles eram muitos cavalos, primeiro romance do mineiro Luiz Ruffato, cronista do Rascunho.
O evento é realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pela Brown University e pela Companhia das Letras. A primeira “mesa”, na quinta-eira, às 14h, reúne os professores Luiz Fernando Valente (Brown University), Karl Erik Schollhammer (Puc-Rio) e Beatriz Resende (UFRJ), com mediação da escritora Paloma Vidal. Cada convidado fala sobre um tema específico, pinçado a partir do estudo do livro.
Na sequência, às 16h, a professora Leila Lehnen conduz as apresentações de Sophia Beal (University of Minnesota), Luciene Azevedo (Universidade Federal da Bahia) e Lúcia Sá (University of Manchester).
Na sexta-feira, às 14h, os tradutores Marguerite Harrison, Mário Câmara e Rex Nielson falam sobre os desafios que encontraram ao verter textos do autor para o inglês e o espanhol — entre eles os livros De mim já nem se lembra e Eles eram muitos cavalos, além do discurso que Ruffato fez na Feira de Frankfurt em 2013. Esses eventos estarão disponíveis neste link.
E fechando a programação, Luiz Ruffato conversa com Sergio Mota, Leila Lehnen e Paloma Vidal, às 18h, com transmissão pelo YouTube da Companhia das Letras.
O livro
Lançado originalmente em 2001, o romance Eles eram muitos cavalos tornou seu autor um grande sucesso de público e crítica. Com uma voz literária original, Luiz Ruffato combina recursos de sua formação jornalística a inovações formais e estéticas.
O livro se passa em um único dia, 9 de maio de 2000, em São Paulo. Os habitantes seguem realizando pequenos e grandes feitos cotidianos, protagonistas de uma narrativa subterrânea, que representa o próprio tecido da cidade. Para captar essa polifonia urbana, Ruffato estruturou seu romance em 69 episódios, cada qual com registro e fôlego próprios, alternando entre poesia, discurso publicitário, música, teatro e prosa.
“Foi um livro que teve um impacto muito grande quando foi lançado. Fez muito barulho”, recorda a escritora Paloma Vidal, uma das organizadoras do evento junto com Leila Lehnen . “A forma fragmentada, como um palimpsesto, realista e violento, sem um narrador, com muitas vozes, chamou muito a atenção. Vamos aproveitar a efeméride para relembrar a importância do livro, com pessoas que comentaram e leram a obra na época em que foi lançada.”
E como recorda Luiz Ruffato, Eles eram muitos cavalos lhe “abriu as portas para o mundo da literatura”. “É um caderno de exercícios formais, do qual todos os meus outros livros derivam”, diz. Terceiro livro do autor, que antes tinha lançado duas coletâneas de contos, o “romance fragmentado”, de difícil classificação, teve carreira de sucesso.
Além de ganhar os prêmios APCA e Machado de Assis, foi publicado na Argentina, Colômbia, Portugal, Moçambique, França, Itália, Alemanha, Finlândia, Macedônia e Estados Unidos. No Brasil, está na 5ª reimpressão da 11ª edição, publicado pela Companhia das Letras. Em 2003, foi adaptado para o teatro pela Companhia do Feijão, de São Paulo, com o título de Mire Veja, que ganhou os prêmios APCA de melhor espetáculo e Prêmio Shell de concepção e criação.
Depois, foi adaptado outras três vezes: Eles eram muitos cavalos, em 2017, pelo Coletivo dos Vagabundos, do Rio de Janeiro; Cavalos, também em 2017, pela Companhia Zero8 de Teatro, de São Paulo; e Naquele dia vi você sumir, em 2018, pelo Ares Coletivo, do Rio de Janeiro.