Publicado originalmente em 1964, O cru e o cozido, do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, ganha nova edição pela Zahar. Este é o primeiro volume da tetralogia Mitológicas, que traz prefácios inéditos e tradução de Beatriz Perrone-Moisés.
Partindo do mito de referĂŞncia do “desaninhador de pássaros”, colhido entre os Bororo do Brasil Central, o autor vai aos poucos mobilizando centenas de narrativas de todo o continente americano. SĂŁo mitos que falam da passagem da natureza Ă cultura, do contĂnuo ao descontĂnuo, e revelam uma lĂłgica nada arbitrária de ver e pensar o mundo, que se expressa nĂŁo por categorias abstratas — como os conceitos utilizados pela ciĂŞncia —, mas por categorias empĂricas como cru, cozido, podre, queimado, silĂŞncio, barulho.
Ao desvelar a singularidade e a riqueza de um pensamento extremamente sofisticado e original, a obra de LĂ©vi-Strauss lança luz sobre a inestimável contribuição da mitologia amerĂndia para o conhecimento.
O cru e o cozido inaugura a edição dos quatro volumes das Mitológicas, com prefácios inéditos elaborados por estudiosos da obra de Claude Lévi-Strauss. O primeiro deles, publicado agora, é de Beatriz Perrone-Moisés, tradutora da série. Os volumes seguintes, com lançamentos previstos até 2022, serão Do mel às cinzas, com prefácio de Oscar Calavia Sáez; A origem dos modos à mesa, com prefácio de Renato Stutzman; e O homem nu, com prefácio Manuela Carneiro da Cunha
Claude LĂ©vi-Strauss (1908-2009) foi um dos maiores nomes das ciĂŞncias humanas no sĂ©culo 20. Criador da antropologia estrutural, escreveu obras fundamentais como Tristes trĂłpicos, O pensamento selvagem e a tetralogia MitolĂłgicas, dedicada aos mitos dos povos indĂgenas americanos.