As inquietações do personagem Gabriel marcam o livro de estreia de Zé Irineu Filho, O homem sem malícia. Neste romance que dá início a uma trilogia, o protagonista — de 36 anos, negro e mulherengo assumido — vai conhecer o estrelato e cair de cabeça na vida noturna de São Paulo.
Quando a vida acadêmica e seu talento para o basquete não lhe bastam mais, Gabriel abandona sua trajetória prévia para se dedicar ao pôquer, no que acaba tragado pelo poder, dinheiro e adrenalina — até que, uma vez mais, o sentido se esvazia.
Nessa jornada, o álcool, as drogas, o sexo e a ressaca se fazem presentes, além do trauma de um abuso sofrido pelo personagem na infância. Toda essa esbórnia, porém, só parece servir para camuflar uma vontade mais simples: a de viver, ao lado da companheira certa, em uma casa com jardim e um pé de maconha.
“É quase imperativo que o leitor se dispa de conceitos prévios para que possa desfrutar dessa intensa jornada”, explica Zé Irineu, que ainda promete duas obras para explorar outros lados do personagem, como a falta de religião e, por fim, a ausência de culpa.