Tradução: Ronaldo Cagiano
Passeando por Roma
a cidade pintada morta
entregue
“somos os conquistadores”
vomitaste
como quem toma
em goles a bastilha
íamos
pequenas bombas
chutando cabeças chatas
entoando garatujas
estribilhos
um tema inédito
de duendes
ou de inferno 18
…
Toda a noite até que saia o sol
parecia beethoven
o que assobiava
sobre o pote de sorvete
enquanto colocavas o uniforme
atrás de um banco da calçada
repassando desculpas
para escapar da meia falta
mascara a veia da testa
mãos aerossol
a gravata amarrotada do trem
zumbimos e passamos
como quem ruge a cara munch
novena sinfonia remixada
o nariz agarrado ao vidro
mostrando-se aos que esperam
vermelhos no terminal
os lábios
com um resto sambayon de freddo
…
Estátuas de sal
as tuas criaturas
no banheiro
esperando essa estação
sem brisas nem trem
as vias contra a cabeça
orelhas de chumbo
abertas
escuta
todos temos uma voz a esta hora
uma que não sabemos
que não queremos cantar
lançou dos alto-falantes
como um gorjeio doente
onde estão teus filhos esta vez?
…
Fotografias de Tókio
em uma caixa
flutua sem fundo
a porcelana da memória
27 polaroids
um relógio de corda
o haicai que começava
paisagem coração bonsai
dois bilhetes brancos
um selo
a cidade nevada
o amor
cinza peregrina
visitou arranha-céus parques museus
ruínas instantâneas
a caixa conserva
um vulcão extinto
e um rim de água
…
Buenos Aires é somente pedra
a vida muito velha}
vinho a derreter-se
o túnel linyera
em frente às vias
em mitre
carregavam a neve
em um carrinho
caídas da videira
promessas de chuva
e avisos de raios
antes das sirenes
de nevoeiro e baforada
antes do caminhão
da crônica da tv