O The New York Times publicou em seu site um obituário de Clarice Lispector. No mês em que se comemora o centenário da escritora, o jornal americano recupera a história da escritora brasileira (nascida na Ucrânia) na série Overlooked no more (Não mais esquecidos), sobre pessoas notáveis cujas mortes, a partir de 1851, não foram relatadas no The Times.
O texto, assinado por Lucas Iberico Lozada, conta o caminho literário da autora desde Perto do coração selvagem, a surpreendente estreia em 1943. “A publicação do romance marcou o inĂcio de um longo fascĂnio pĂşblico por sua autora, especialmente porque ela era uma mulher no mundo literário dominado pelos homens no Brasil.”
Autora de oito romances, uma novela, 85 contos, cinco livros infantis e inĂşmeras cartas e colunas de jornais, Clarice Ă© hoje uma das autoras brasileiras mais conhecidas, estudas e lidas no Brasil e no exterior.
Ao falar sobre o acidentado percurso biográfico de Clarice e sua famĂlia, o texto lembra que “ela repetidamente evitou perguntas sobre seu passado nas poucas entrevistas que concedeu e distorceu os fatos nas poucas colunas autobiográficas que escreveu”.
Ao falar sobre A maçã no escuro, romance de 1961 contado do ponto de vista de um homem que acabava de matar a esposa, o texto lembra que o tradutor da obra para o inglĂŞs, Gregory Rabassa, disse que Clarice parecia Marlene Dietrich escrevendo como Virginia Woolf, um “comentário que Lispector considerou sexista, embora tenha ecoado por muitos de seus crĂticos e admiradores do sexo masculino”.