(10/11/20)
AlĂ©m de ser um dos principais romancistas vivos, premiado em 2003 com o Nobel de Literatura, o sul-africano J. M. Coetzee tambĂ©m Ă© autor de ensaios sobre literatura. Chegam agora ao mercado brasileiro duas reuniões desses textos, Mecanismos internos, com ensaios escritos entre 2000 e 2005, e Ensaios recentes, inĂ©dito no Brasil, que cobre o perĂodo 2006 a 2017. Ambos tĂŞm tradução de Sergio Flaksman.
São 44 ensaios, sendo 21 no primeiro volume e 23 no segundo. Os textos foram publicados originalmente em revistas especializadas como New York Review of Books — ou esparsos em livros sobre os autores em foco. Coetzee, que completou 80 anos em fevereiro de 2020, explora nesses ensaios obras de escritores que lhe são caros, como o setecentista Daniel Defoe e os vanguardistas modernos Robert Walser e Samuel Beckett, além do contemporâneo Philip Roth.
A obra de Ford Madox Ford, tema de sua dissertação de mestrado no Reino Unido, Ă© tratada em ensaio no segundo volume. Beckett, que foi assunto da tese de doutorado de Coetzee na Universidade do Texas, nos anos 1960, desperta em especial o espĂrito investigativo do ensaĂsta em um dos textos de Mecanismos internos e em quatro de Ensaios recentes.
Em Mecanismos internos — textos sobre literatura (2000-2005) destaca-se a presença de sete autores que, como Coetzee, foram premiados com o Nobel de Literatura: William Faulkner, Samuel Beckett, Saul Bellow, Gabriel GarcĂa Márquez, Nadine Gordimer, GĂĽnter Grass e V. S. Naipaul. TambĂ©m tem um peso importante a vivĂŞncia dos totalitarismos da primeira metade do sĂ©culo 20, sobretudo nos autores de lĂngua alemĂŁ, como Robert Musil e Walter Benjamin.
Ensaios recentes — textos sobre literatura (2006-2017) apresenta artigos sobre obras célebres, como Madame Bovary, de Gustave Flaubert, A morte de Ivan Ilitch, de Liev Tolstói, e Os sofrimentos do jovem Werther, de J. W. Goethe. A seleção conta ainda com um ensaio sobre Zama, do argentino Antonio Di Benedetto, e textos sobre os australianos Patrick White e Les Murray.