Talvez você não associe o nome à produção num primeiro momento, mas Adriana Falcão é responsável por filmes e séries que estão enraizadas no imaginário popular — A grande família, da qual a escritora carioca foi roteirista por 12 anos, e a adaptação cinematográfica de O auto da compadecida, com direção de Guel Arraes e Selton Mello e Matheus Nachtergaele nos papéis principais, são apenas dois exemplos que carregam sua marca autoral. Tirando prazer de todo momento que se dedica às letras, e guiada pela vontade de fazer o “texto prestar”, Adriana estreou na literatura com o romance A máquina, em 1999, e produziu regularmente desde então, sempre alternando a publicação de livros com seus trabalhos no cinema e TV. Queria ver você feliz (2014) e O homem que só tinha certeza (2010) são seus trabalhos literários mais recentes. Para este delicado momento pelo qual o mundo passa, e considerando que a literatura já fez muito pela humanidade, a autora deixa uma reflexão: “O importante é sobreviver”.
• Quando se deu conta de que queria ser escritora?
Nunca.
• Quais são suas manias e obsessões literárias?
Se me apaixono pela forma, vira obsessão. Gosto de brincadeiras formais.
• Que leitura é imprescindível no seu dia a dia?
Notícia.
• Se pudesse recomendar um livro ao presidente Jair Bolsonaro, qual seria?
Flicts (1969), de Ziraldo. Pena que ele não ia entender nada.
• Quais são as circunstâncias ideais para escrever?
Frio e chuva.
• Quais são as circunstâncias ideais de leitura?
Um abajur.
• O que considera um dia de trabalho produtivo?
Quando escrevo o que quer que seja.
• O que lhe dá mais prazer no processo de escrita?
Tudo. O que mais me dá prazer é escrever. Tirando filha e neta.
• Qual o maior inimigo de um escritor?
A mediocridade.
• O que mais lhe incomoda no meio literário?
Eu não convivo com o meio literário.
• Um autor em quem se deveria prestar mais atenção.
Paulo Mendes Campos.
• Um livro imprescindível e um descartável.
Como viver sem o Livro do desassossego? Como descartar coisa tão importante como um livro?
• Que defeito é capaz de destruir ou comprometer um livro?
Pensamento fascista.
• Que assunto nunca entraria em sua literatura?
Mecânica.
• Qual foi o canto mais inusitado de onde tirou inspiração?
Do enterro da minha mãe.
• Quando a inspiração não vem…
Dia perdido.
• Qual escritor — vivo ou morto — gostaria de convidar para um café?
Paulo Mendes Campos.
• O que é um bom leitor?
Quem consegue ter prazer com um livro, como ele é, em vez de ler um livro querendo que ele fosse diferente.
• O que te dá medo?
Tudo.
• O que te faz feliz?
Música.
• Qual dúvida ou certeza guiam seu trabalho?
Sou insegura, e essa é a minha maior qualidade. Sempre acho que posso melhorar.
• Qual a sua maior preocupação ao escrever?
O texto prestar.
• A literatura tem alguma obrigação?
Não. A literatura já fez muito pela humanidade até aqui. Neste momento, o importante é sobreviver.
• Qual o limite da ficção?
Não sei. Sempre misturo tudo.
• Se um ET aparecesse na sua frente e pedisse “leve-me ao seu líder”, a quem você o levaria?
Paulo José.
• O que você espera da eternidade?
Rever quem já está lá. Fazer festas pra esperar os que ainda vão chegar.