🔓 Nobel de Literatura: as apostas de Marcelino Freire

O escritor pernambucano encerra a série do “Rascunho” sobre o Nobel de Literatura com uma lista só com mulheres brasileiras
Conceição Evaristo, autora de “Becos da memória”
07/10/2020

(07/10/20)

Em 2019 Marcelino Freire começou uma campanha em favor da escritora Conceição Evaristo para que ela ganhasse o Nobel de Literatura. Não deu, mas ainda assim ele segue firme em sua aposta para que a romancista mineira seja lembrada pelo prêmio, que será divulgado nesta quinta-feira (8) pela Academia Sueca.

O autor de Contos negreiros apresenta em sua lista apenas mulheres brasileiras. Entre elas, a poeta Geni Guimarães, que traz em sua escrita uma forte preocupação com questões sociais e a afirmação da afrodescendência. Vivendo no interior de São Paulo, a poeta ganhou um prêmio Jabuti em 1989 com a novela A cor da ternura.

Marcelino ainda lembra da contista e romancista Lygia Fagundes Telles, sempre apontada por muitos leitores e críticos no Brasil como merecedora da honraria. “Por toda sua obra. E por saber que, com ela, estariam premiadas, por tabela, Hilda Hilst e Clarice Lispector”, diz.

 

Conceição Evaristo
(contista e romancista brasileira, 73 anos)

“Eu já havia começado, no ano passado, uma campanha para Conceição Evaristo ganhar o Nobel de Literatura. O primeiro Nobel para o Brasil que fosse dado para uma escritora negra, recusada pela ABL. Autora cujas “escrevivências” inspiram muitas outras autoras, em grande parte desautorizadas pelos prêmios literários.”

 

Geni Guimarães
(contista e poeta brasileira, 73 anos)

“Aposto ainda em outra brasileira, também mulher negra: Geni Guimarães. Da mesma geração de Conceição, a poeta vive em Barra Bonita, interior de São Paulo. É a própria personificação da poesia. No corpo, na alma, no enfrentamento. Já venceu, uma vez, o Prêmio Jabuti. E foi a grande homenageada da Balada Literária 2020.”

 

Eliane Potiguara
(poeta e ativista brasileira, 70 anos)

“Um Prêmio Nobel para a carioca Eliane Potiguara. Ela que conquistou a ONU no começo dos anos 90 e já figurou em pré-lista ao Prêmio Nobel da Paz. Potiguara está na luta pelos direitos humanos faz tempo e foi quem criou o primeiro jornal literário só com autores e autoras indígenas. Escreveu, entre outros, A terra é mãe do índio e Metade cara, metade máscara.”

 

Lygia Fagundes Telles
(contista e romancista brasileira, 97 anos)

“Para ficar ainda na aposta feminina, e brasileira, um Nobel para Lygia Fagundes Telles. Por toda sua obra. E por saber que, com ela, estariam premiadas, por tabela, Hilda Hilst e Clarice Lispector.”

Marcelino Freire
Nasceu em Sertânia (PE) em 1967. Editor, contista e romancista, é o criador da Balada Literária, evento que já entrou para o calendário cultural da cidade de São Paulo. Autor dos livros de contos “BaléRalé”, “Contos negreiros” e “Rasif: Mar que arrebenta”.
Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

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