(05/10/2020)
O crítico literário Rodrigo Casarin avisa: a lista que segue é muito mais de “desejos” do que de que “apostas”. “Furada por furada, mais fácil me entender do que tentar entender a cabeça do povo da Academia Sueca”, diz.
Entre os nomes citados por Casarin, destacam-se dois candidatos habitués das listas pré-Nobel: o queniano Ngũgĩ wa Thiong’o e a canadense Margaret Atwood. Mas, levando em consideração o histórico recente do prêmio, na próxima quinta-feira (8), quando o mundo conhecerá o novo Nobel de Literatura, pode haver surpresas.
De Bob Dylan (2016) a Patrick Modiano (2014), o prêmio tem procurado fugir de nomes mais “óbvios” do mundo literário: Philip Roth é considerado um dos “injustiçados” da história recente do prêmio. Morreu em 2018 e não levou a honraria.
O crítico do UOL, que assina a coluna Página Cinco, também surpreende ao ser perguntado qual brasileiro mereceria o Nobel. Para ele, o carioca Alberto Mussa, autor de romances que resgatam episódios históricos em tramas labirínticas, “é um dos escritores mais refinados da literatura contemporânea”.
Margaret Atwood
(poeta, contista e romancista canadense, 80 anos)
“Seria uma escolha grandiosa, apesar de ser mais um Nobel para a língua inglesa. Poucos livros têm tanto a ver com o momento em que boa parte do mundo está medito (incluindo o Brasil) quanto O conto da Aia. Seria uma escolha quase óbvia, é verdade, mas paciência. Infelizmente, até dizer o óbvio anda sendo um gesto corajoso.”
Michael Houellebecq
(romancista francês, 64 anos)
“Seria uma escolha tão grandiosa quanto a de Atwood, ainda que pela via oposta. Poucos delineiam tão bem nossa ruína moral quanto o francês. Tá, mais um prêmio pra autor francófono, só que este realmente merece (diferente do picolé de chuchu que é o Modiano, por exemplo). Além disso, a escolha de uma persona tão abjeta provocaria bons e bem-vindos quebra-paus no meio literário.”
Ngũgĩ wa Thiong’o
(romancista e dramaturgo queniano, 82 anos)
“É o meu nome favorito dentre os que vêm sendo cotados há trocentos anos. Tem uma obra respeitadíssima e seria muito bom termos um Nobel de Literatura queniano.”
Alberto Mussa
(romancista brasileiro, 59 anos)
“E eu daria um Nobel para o Alberto Mussa, um dos escritores mais refinados da literatura contemporânea (friso: da literatura contemporânea, levando em conta o mundo todo, não apenas o Brasil).”
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