(04/10/2020)
Vencedora em 2013 dos prêmios Portugal Telecom e Clarice Lispector (Biblioteca Nacional) com o livro de contos Essa coisa brilhante que é a chuva, a gaúcha Cíntia Moscovich acredita que o “Nobel poderia começar a ser atribuído exclusivamente por mérito literário e não por razões políticas”.
Na próxima quinta-feira (8), a Academia Sueca releva o nome do vencedor do Nobel de Literatura depois de algumas edições atribuladas. Desde 2016, quando premiou a lenda do rock Bob Dylan, que tem apenas dois livros publicados (um romance experimental e um livro de memórias/crônicas), mas dezenas de clássicos da música americana, o prêmio está sob fogo cruzado. Em 2019, a controvérsia envolveu o escritor austríaco Peter Handke, conhecido por seu apoio pró-sérvio durante a Guerra dos Bálcãs.
Segunda convidada da série do Rascunho sobre o Nobel, em que autores brasileiros são convidados a opinar sobre o próximo nome a ganhar a honraria, Moscovich cita dois ingleses e um conterrâneo gaúcho, o contista Sergio Faraco, que surgiu no boom do conto brasileiro, nos anos 1970, mas que aparentemente se “aposentou” da literatura há quase duas décadas.
Sergio Faraco
(contista brasileiro, 80 anos)
“É o maior contista brasileiro vivo. Merece o prêmio por resistir e por viver num confim de mundo. Autor de uma obra consistente, é candidato a todos os prêmios literários do universo.”
Ian McEwan
(romancista britânico, 72 anos)
“Poderia levar o cheque. Reparação é uma das maiores obras jamais escritas, isso sem contar Amor sem fim, Enclausurado e outras. E é melhor correr, porque pode acontecer com ele o mesmo que com Philip Roth, um monstro literário que morreu sem o reconhecimento explícito da academia sueca.”
Jeanette Winterson
(romancista britânica, 61 anos)
“É talhada para o prêmio. Uma inglesa lésbica que não chegou aos 70 anos, bem pouco conhecida além do gueto LGBT, sobre o qual (também, mas não só) escreve. Uma autora maiúscula e universal travestida de ativista-justiceira social.”
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