Em 2014, após usar um lance histórico de Pelé na Copa de 70 como pano de fundo para contar um drama familiar em O drible, Sérgio Rodrigues venceu o Portugal Telecom de Literatura, atual Oceanos, em duas categorias — Romance e Grande Prêmio. Já em sua empreitada mais recente, que traz seis contos e uma novela, o escritor mineiro volta a dialogar com elementos enraizados no imaginário popular — com destaque para a bossa nova. Na narrativa que dá nome à obra, João Gilberto (1931-2019) chega de surpresa em uma reunião descontraída do grupo encabeçado por Moraes Moreira (1947-2020): “Fazia um calor de melar cocaína, quase todo mundo no banho de mangueira, neguinho de sunga, Teresa Olho de Peixe, Baby e Pepita nuns deliciosos biquínis quase teóricos, de repente me desce do táxi a porra de um coroa de terno preto carregando um violão”. Além disso, o leitor é levado a conhecer a intimidade sexual de Capitu e Bentinho e passeia pela jornada da Taça Jules Rimet — que ficou em definitivo com o Brasil após a conquista de tricampeonato em 1970, mas foi roubada em 1983 da sede da CBF.